Atores e atrizes são, desde sempre, deixados de lado da cerimônia por trabalhos excepcionais dentro do gênero da “comédia”

Cena de “Como Eliminar Seu Chefe”. Lily Tomlin não merecia um prêmio?

Por Lady de Rosas

É fato conhecido que a comédia é vista, por muitas pessoas do grande público e até estudiosos, como uma forma de arte “menor”.
E em seus 96 anos de história, o Oscar já provou que não é um grande fã do gênero.

Apenas oito produções classificadas como “comédias” venceram a categoria de melhor filme. Uma delas foi, inclusive, a primeira a vencer o “big five” (vitória nas categorias filme, direção, ator, atriz e roteiro) no Oscar de 1935: o clássico “Aconteceu Naquela Noite”, de Frank Capra.

Nas categorias de atuação, o resultado segue irrisório: quatro prêmios em melhor ator e seis prêmios em melhor atriz.

Nos vencedores coadjuvantes o resultado é um pouco mais expressivo, mas ainda muito baixo comparado aos quase 100 anos do evento: oito prêmios para ator coadjuvante e dez prêmios para atriz coadjuvante.

Vale notar que vários deles são performances cômicas dentro de filmes que não são comédias, como é o caso de Whoopi Goldberg em “Ghost – Do Outro Lado da Vida” e Cuba Gooding Jr. em “Jerry Maguire – A Grande Virada”.

Whoopi Goldberg em “Ghost – Do Outro Lado da Vida”

Muitos atores e atrizes da comédia, dessa forma, buscam uma validação através de papéis dramáticos, como se suas performances incríveis no campo do humor não fossem “dignas” de tal honra.

Jim Carrey, por exemplo, foi solenemente ignorado por seu trabalho nos filmes “O Show de Truman”, “O Mundo de Andy” e “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”.

Desde sempre, performances cômicas que entraram para a história do cinema foram ignoradas na cerimônia do Oscar.

Charles Chaplin nunca foi reconhecido com o prêmio de atuação (apesar de ter sido indicado por “O Grande Ditador”), recebendo um prêmio de melhor canção para “Luzes da Ribalta” e dois Oscars especiais (um na primeira cerimônia, em 1929, e outro no fim da vida).

Jerry Lewis, outro gênio da comédia, não teve reconhecimento por seus trabalhos icônicos em “O Professor Aloprado” e “O Mensageiro Trapalhão”.

Jerry Lewis em “O Professor Aloprado”

Steve Martin está brilhante em “Um Espírito Baixou em Mim”. Lily Tomlin também está. Ambos foram deixados de fora das indicações.

Tomlin também foi ignorada por “Como Eliminar seu Chefe”.

Joan Cusack até foi indicada por “Será que Ele É?”, mas esquecida por “A Família Addams 2”.

Peter Sellers foi esquecido pelo icônico Inspetor Closeau de “A Pantera Cor-de-Rosa”.

Outras ausências sentidas são Ruppert Everett por “O Casamento do Meu Melhor Amigo” e Eddie Murphy por “Meu Nome é Dolemite”.

Sacha Baron Coen em “Borat”

E não podemos esquecer do trabalho revolucionário e ultrajante de Sacha Baron Coen em “Borat”.

Este ano temos novamente uma performance cômica amada pelo grande público e pela crítica: Ryan Gosling como Ken em “Barbie”. Mas o favoritismo está todo com Robert Downey Jr. por seu papel dramático em “Oppenheimer”. Será que teremos uma surpresa?

Texto produzido em cobertura colaborativa da Cine NINJA – Especial Oscar 2023