Você conhece a história de um circo que salvou uma cidade na época da chamada gripe espanhola? Pois é! O circo tem muitas histórias e você pode conhecer algumas delas.

Stop motion do Centro de Memória do Circo conta história do circo do palhaço Piolin.

Sem o contato físico com o público, tão importante para a arte circense, o Centro de Memória do Circo (CMC) entendeu que esse momento de quarentena poderia ser uma oportunidade única de experimentação de novos modos de comunicação.

Com a estreia da série “Circo e História” a instituição irá explorar, em diversos formatos, momentos da história do Brasil e do mundo em que o circo se fez agente.

Neste episódio que apresentamos hoje, você vai conhecer a história do casal Galdino e Clotilde Pinto, os pais do famoso palhaço Piolin. Em 1918, o casal transformou seu circo em uma espécie de hospital de campanha, para acolher as vítimas da gripe espanhola.

Assista ao vídeo e leia abaixo a história contada por Verônica Tamaoki, autora de “O Fantasma do Circo”, “Circo Nerino” e coordenadora do Centro de Memória do Circo, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

O casal Galdino e Clotilde Pinto passa a ter maior importância na história do circo brasileiro com a consagração de seu filho Abelardo Pinto (1897-1973) como o palhaço Piolin, em São Paulo, na segunda metade da década de 1920. Mas antes disso, o casal protagonizou um acontecimento de relevância na história não só do circo mas do próprio país.

A história se passou num momento parecido com o que estamos vivendo agora, quando a gripe espanhola, em 1918, chegou ao Brasil, espalhando morte e pânico. Há quem reprove essa comparação, visto que enquanto o COVID-19 vitimou, por enquanto, algumas milhares de pessoas, a espanhola dizimou 50 milhões. A diferença é grande. Resta-nos então torcer para que o vírus de hoje não se mostre tão letal quanto o de um século atrás. Mas seguindo a história, o Circo Galdino Pinto encontrava-se armado no estado de Minas Gerais, em Rio Novo, quando a Espanhola chegou. Então ocorreu fato interessante: sem ter como fugir, os circenses decidiram enfrentar a peste.

Segundo Arruda Dantas, em seu livro Piolin (Editora Pannartz, 1980) Galdino Pinto ia acudir pessoalmente a população em suas casas, e Clotilde criou um xarope que ela mesma ministrava aos doentes. Providenciaram socorros de São Paulo, onde possuíam muitos conhecimentos. Colocaram camas no circo e o transformaram numa grande enfermaria. Também enterravam os mortos. Quando a Espanhola foi embora e o circo partiu, Galdino Pinto virou nome de rua da cidade de Rio Novo e durante muitos anos foi lembrado com gratidão pela população.

O que é o Centro de Memória do Circo?

Vinculado à Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, o CMC é a primeira e única instituição da América Latina consagrada exclusivamente à memória e cultura circense. Parte integrante do Centro Cultural Olido, o CMC encontra-se situado num dos mais importantes sítios históricos do circo brasileiro: o Largo do Paissandú, onde o circo se encontra há mais de 130 anos.

Inaugurado no dia 16 de novembro de 2009, nasceu com a missão de pesquisar, resgatar, reunir, registrar, preservar e difundir o patrimônio material e imaterial do circo em sua grande aventura vivida em nosso país. O acervo do CMC, constituído por aproximadamente 80 mil documentos, está sendo tratado e catalogado, e à medida que isso acontece, vai sendo disponibilizado ao público.

Sou de Circo

“Sou de Circo” é um programa de formação e experimentação profissional em museologia e história do circo, voltado para jovens com idade entre 18 e 29 anos, que já tenham o segundo grau completo, e que já sejam iniciados no circo. Um piloto do programa foi desenvolvido no último semestre de 2018, com oito jovens. Com atividades de formação em história do circo e museologia ancoradas no acervo da instituição, o Programa é destinado principalmente a jovens circenses que, nas últimas décadas, se multiplicaram, não mais somente através da tradição familiar mas também pelo conhecimento proporcionado por escolas de circo que a partir de 1978 começaram a surgir em nosso país. Agora, em 2020, uma nova turma de jovens compõe a segunda edição do projeto, que pretende inaugurar a plataforma digital do acervo do CMC.