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É necessário preservar o avesso, você me disse. Preservar aquilo que ninguém vê. Porque não demora muito e a cor da pele atravessa nosso corpo e determina nosso modo de estar no mundo.”

A frase foi a última a ser inserida no livro “O Avesso da Pele”, de Jeferson Tenório. O significado dela e o papel da literatura no combate e na escrita sobre o racismo foram temas do Papo NINJA com Jeferson Assumção, que todas as quintas-feiras tem trazido escritores e escritoras ao Instagram da Mídia NINJA para debate sobre livro, leitura e literatura brasileira. O autor de Avesso da Pele, Jeferson Tenório, foi o convidado da semana.

Radicado em Porto Alegre mas nascido no Rio de Janeiro, Jeferson estreou na literatura com “O Beijo na Parede”. Com “O Avesso na Pele”, Jeferson traz o racismo e a denúncia da violência policial em um cenário que retrata a barbárie em que ainda vivemos nos dias atuais e a construção de nossas identidades. “Um dos mais impactantes romances brasileiros de 2020”, conforme crítica da GZH.

Preservar o avesso, nas palavras de Jeferson durante o Papo NINJA, é “preservar a própria humanidade em função do racismo e de todos os discursos preconceituosos que se fazem em relação a pessoas negras”. Ele explica que inseriu o diálogo no livro como referência à famosa frase de Guimarães Rosa, em Grande Sertão: Veredas, “o sertão está dentro da gente”. “Ensinei essa frase para o meu filho, sobre o que é esse sertão dentro da gente. Ele não ia conseguir entender, mas me veio a ideia de escrever o que seria esse sertão que ninguém tem acesso, esse lugar isolado, único, onde estão nossos afetos, e como isso se relacionaria com a cor da pele”, disse Jeferson. “O quanto as pessoas negras precisam lutar para preservar esse avesso. Esse avesso é o reconhecimento de uma humanidade, que as pessoas negras procuram a todo momento, a todo instante”.

O debate completo sobre literatura contra o racismo está no IGTV da Mídia NINJA.