Pelo Estudantes NINJA André Simões

#30M em São Paulo | Foto: Tiago Reivax

Em breves palavras e de certa maneira, podemos associar o nosso atual estágio de desenvolvimento das forças políticas e suas representações no governo desde o ano de 2016 com o golpe de estado que ocorreu na França, e que representou o fim da Revolução Francesa, a ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder e a consolidação dos interesses burgueses no país.

Em 2016 tivemos o encerramento de um ciclo, que embora claramente não revolucionário, proporcionou algumas mudanças importantes na estrutura social brasileira. Devemos ter claro que os acontecimentos de nossa história recente representam uma reorganização das forças políticas conservadoras, que escolhem não ter mais intermediários no poder central e tomam de assalto o estado para impor seu projeto político – econômico, que vinha sendo mediado pelas forças progressistas desde 2003.

O golpe de 2016 e a eleição de Bolsonaro em 2018 são tentativas de acelerar esse processo de entrega do estado brasileiro para o capital internacional financeiro e para os rentistas brasileiros, e nas próprias palavras de Bolsonaro, “desconstruir tudo que foi feito pelos governos anteriores”.

Porém, a conjunção de forças que levou Bolsonaro à presidência em 2018 é composta por uma colcha de retalhos com contradições marcantes, mormente: uma fração ultranacionalista, outra ultraliberal rentista, uma fração militar e uma fração conspiracionista-oligofrênica-antiglobalista-terraplanista… todas com seus interesses em comum e vários interesses antagônicos, disputando a hegemonia pelo programa político que será levado a diante.

Um governo eleito principalmente pela ação direcionada de Fake News e uma composição tão “sui generis”  e um programa recessivo em sua essência, sobrevivendo de factoides e cortinas de fumaça para tentar manter a sua popularidade, não teve como responder às demandas reais da sociedade brasileira, e aquele clima de otimismo inicial foi derretido em apenas 5 meses de governo.

Medidas como as adotadas contra a educação e cultura, são apenas um reflexo da concepção política que a burguesia brasileira elegeu como projeto político, a eleição de uma força que seja capaz de melhor contrapor as forças progressistas, em todas as suas frentes, e que fosse capaz de desarticular esses campos de resistência.

Nesse contexto é que surgem as manifestações de 15 de maio, que sem sombra de dúvidas é um ponto de inflexão das lutas sociais nos últimos 5 anos. O ponto de virada do protagonismo político, que finalmente retornou para onde não deveria ter saído: o campo progressista.

E com os últimos acontecimentos, especialmente o vazamento de mensagens entre o Juiz Sérgio Moro e os Procuradores da Lava Jato, colocam de vez a pelota nos pés das forças populares.

Abre-se um novo período de lutas a partir do dia 14, que é a destituição do Governo Bolsonaro – Mourão, pois resta claro que o processo eleitoral foi fraudado em favor de um projeto político cujo o principal objetivo era impedir que as forças progressistas retornassem ao poder central.

Nesse contexto, a atuação dos estudantes se mostra fundamental, pois são a vanguarda dessa retomada de protagonismo político. Podemos avaliar que a aliança entre a juventude, as forças sindicais e movimentos populares podem ser o elemento chave na construção de uma saída realmente democrática, com a realização de novas eleições livres.

O engajamento dos vários campos populares, que hoje ainda estão reticentes quanto ao governo de destruição nacional de Bolsonaro-Mourão, depende muito da aproximação dos estudantes, pois estes estão vinculados diretamente com esses setores: são filhos de motoristas, cobradores, metroviários, balconistas, trabalhadores do setor de comércio e serviços e etc. A luta sindical organizada está mobilizada, e irá para rua com força total no dia 14, mas hoje não tem capilaridade suficiente para chegar aos corações e mentes dos trabalhadores que não estão organizados, e são fundamentais para o sucesso da greve geral e dos momentos que a ela se seguirão, sendo necessário um elemento aglutinador que são exatamente os estudantes.

A vinculação das organizações estudantis com os sindicatos e movimentos sociais é extremamente importante para esse processo de politização e de engajamento orgânico da luta de massas. Precisamos romper as barreiras impostas pela midia e pela divulgação de conteúdos direitistas pelas redes sociais – especialmente whatsapp – para conseguirmos chegar nas classes populares e criar condições para um momento de ascensão das lutas dos trabalhadores, que é o mais importante elemento para derrotar o governo Bolsonaro-Mourão e construir um governo democrático que seja capaz de reverter todos os retrocessos protagonizados pelos governos Temer e Bolsonaro-Mourão, levando em consideração o bem estar do povo, e derrotando o capital financeiro que tentar ferozmente capturar o trabalhador.

Nesse dia 14 de junho, vamos iniciar um novo momento político no Brasil, a vitória depende de nossa mobilização. Todos à Greve Geral !