Foto: reprodução/The Hollywood Reporter

Por Ana Beatriz Garcez*

O longa-metragem esportivo Nyad conta a história de um sonho de vida da atleta, até então aposentada, Diana Nyad. Com mais de 60 anos, Nyad, interpretada pela talentosa Annette Bening (Beleza Americana, 2000), se prepara para nadar de Cuba até a Flórida em um percurso de mais de 160 km em mar aberto. Conta com o apoio de uma equipe e principalmente de sua técnica e melhor amiga Bonnie Stoll, interpretada pela premiada Jodie Foster (O Silêncio dos Inocentes, 1991), que embarca em seu devaneio.

O filme está disponível na plataforma Netflix e é dirigido por Jimmy Chin e Elizabeth Chai Vasarhelyi (dupla que dirigiu o documentário esportivo: Free Solo, que ganhou o Oscar de Melhor Documentário de Longa-Metragem em 2019). A dupla pouco se arrisca em “Nyad”, tornando a história muito bem roteirizada por Ann Biderman (vencedora do Emmy em 1994, pelo episódio “Steroid Roy” série NYPD Blue) e Julia Cox, em alguns momentos, um mero “incentivo” de que não se deve desistir, o que é algo típico dos filmes desse gênero. 

Contudo, o desafio apresentado na ficção, que também apresenta imagens documentais, (para “convencer” o telespectador do feito e da fama da nadadora) não é somente retratar a travessia onde o mar é o antagonista. Tampouco, contar a história de uma mulher que está prestes a entrar na terceira idade, expondo seus traumas psicológicos (apresentados em forma de flashback ao decorrer do longa-metragem), e sim, valorizar o envelhecimento e a não aceitação da morte. O que é notório em uma das falas de Nyad enquanto conversa com Bonnie:

“Eu sei que o mundo quer que eu cale a minha boca, sente e espere a morte”.

Além disso, “Nyad” conta com uma excepcional construção de personagem e atuação das atrizes Annette Bening e Jodie Foster, indicadas, respectivamente, nas categorias de Melhor Atriz e Melhor Atriz Coadjuvante, o que possibilita ao telespectador acompanhar a narrativa até o final.

Curiosidades

Assim como toda boa história de cinebiografia, Nyad apresenta algumas curiosidades:

  1. Annette Bening teve preparação por mais de 11 meses com uma ex-atleta olímpica: Em sua preparação, Bening treinou sob a supervisão de Rada Owen, ex- nadadora olímpica. A atriz “mergulhou” na personagem para tornar as cenas o mais real possível e, além de treinar para interpretar uma nadadora, decidiu dar todas as braçadas do roteiro, o que significava passar cerca de quatro a oito horas por dia na água.
  2. Cenas gravadas no tanque de água em estúdio:  Algumas das principais cenas da travessia de Nyad foram gravadas no tanque de água Horizon, no Estúdio Pinewood, na República Dominicana, num ambiente controlado, com efeitos especiais, e iluminação inteligente, que proporcionaram o cenário ideal para as cenas de natação.
  3. Faz mais de 10 anos desde sua travessia pelo mar aberto: Em setembro de 2023, completou 10 anos em que Diana Nyad ficou conhecida pelo seu feito histórico. Além disso, em seu site, ela conta um pouco mais de sua história, sua obsessão por nadar de Cuba até a Flórida, incluindo “a clara questão política” de nadar de um país a outro, e seu encontro com o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, após o seu feito de 2013.
  4. Apesar de parecer inspiradora, a história de “Nyad” tem controvérsias: Como é possível ver no filme, Diana Nyad não é exatamente “uma heroína”, sendo apresentada muitas vezes como uma pessoa egocêntrica, dura e teimosa. No meio esportivo, é alguém que divide opiniões, e não teve ainda seu trajeto de Cuba até a Flórida validado pela Associação Mundial de Natação em Águas Abertas (WOWSA, na sigla em inglês).

 

*Texto produzido em cobertura colaborativa da Cine NINJA – Especial Oscar 2024