Por Rebecca Lorenzetti para Mídia Ninja

Desenvolver uma Amazônia Legal de forma sustentável é uma oportunidade para o crescimento econômico e o desenvolvimento qualificado e inclusivo. É o que demonstra um estudo publicado pela WRI Brasil em parceria com 76 especialistas de instituições científicas de diversas regiões do Brasil chamado “A Nova Economia da Amazônia”. O estudo mostrou com dados e informações científicas a importância que manter a floresta em pé pode representar para o desenvolvimento.

A economia da Amazônia Legal (AML) se destaca por uma complexa teia de características estruturais que influenciam diretamente o panorama socioeconômico da região. O relatório detalhado sobre a AML revela uma especialização regional na produção, principalmente de commodities agrícolas e minerais de baixo valor agregado e intensivas em emissões de carbono. A administração pública contribui de forma significativa para a formação do PIB, enquanto a informalidade, baixa qualificação profissional e salários abaixo da média nacional marcam a força de trabalho.

O relatório destaca que mais de 50% dos empregos na AML não possuem relação formal de trabalho, superando a média nacional de 35%. Nas atividades rurais, a informalidade atinge impressionantes 80%, comparados aos 60% no restante do Brasil. A participação feminina no mercado de trabalho é inferior à média nacional, enquanto pessoas negras e indígenas têm uma presença notavelmente alta, representando quase 80% dos ocupados, em comparação com 74% no cenário nacional.

O Produto Interno Bruto (PIB) da AML em 2015 foi de R$ 497 bilhões, correspondendo a 8,3% do total brasileiro. As exportações internacionais, predominantemente no Mato Grosso e Pará, somaram R$ 96 bilhões, representando 15% do PIB da AML. A desigualdade fundiária, por outro lado, permanece inalterada nas últimas quatro décadas, com um índice de Gini* de 0,80.

A renda per capita, próxima à média nacional de R$ 37,7 mil em áreas específicas, destaca-se no centro-sul do Mato Grosso e no aglomerado de Manaus. Nas outras regiões, a renda está abaixo da média nacional, especialmente nas áreas mais pobres do interior do Amazonas, oeste do Maranhão e Marajó-Baixo Tocantins, no Pará.

O relatório destaca a necessidade de uma nova abordagem econômica para a região, enfocando a “Geração inclusiva de riqueza e conservação e expansão de ativos ambientais” como a chave para a Nova Economia da Amazônia (NEA). A transição para uma economia de baixo carbono envolve a substituição gradual de combustíveis fósseis por recursos locais renováveis e o desenvolvimento de infraestrutura sustentável. O acesso à conectividade digital é visto como um elemento crucial para o desenvolvimento regional e a transição para uma economia de baixo carbono.

O relatório enfatiza que o desafio da Amazônia vai além das fronteiras econômicas. A NEA exige uma transformação significativa nos sistemas energéticos, infraestrutura e formas de trabalho. A inclusão digital, a diversificação de fontes de energia e o cuidado com a biodiversidade emergem como pontos críticos para uma transição sustentável. O caminho para uma economia amazônica mais equitativa e ambientalmente consciente está delineado, mas sua execução demandará esforços coordenados de diversos setores e níveis de governo.

*O Índice de Gini, criado pelo matemático italiano Conrado Gini, é um instrumento para medir o grau de concentração de renda em determinado grupo. Ele aponta a diferença entre os rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos

Relatório completo em: https://www.wribrasil.org.br/sites/default/files/2023-07/NEA-Nova-Economia-Amazonia-Relatorio-Completo-portugues.pdf