Ex- economista do Banco Mundial, Joseph Stiglitz também afirma que a esquerda possui a maior capacidade para solucionar problemas estruturais da economia

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Joseph Stiglitz, ganhador do Prêmio Nobel de Economia e professor da Universidade de Columbia, afirmou que o presidente Lula está correto sobre a necessidade de queda dos juros e que o Banco Central, sob comando do bolsonarista Roberto Campos Neto, está errado.

Stiglitz foi economista-chefe do Banco Mundial de 1997 a 2000. Em entrevista para a BBC, o nobel afirmou que os banco centrais erram quando decidem combater a inflação com elevação dos juros. Para Stiglitz, colocar o país em uma roda de recessão “para recuperar a credibilidade” é um equívoco, pois aumenta o custo e restringe a oferta de crédito, esfriando a economia para reduzir a inflação.

O resultado é um acúmulo de taxas sobre os mais pobres, que encarece o dia a dia e obriga a formulação de políticas compensatórias, como desoneração sob os ‘mais ricos’.

Ele avalia que os governos da região poderão ser bem sucedidos se conseguirem manter o foco no fato de que foram eleitos para criação de uma “prosperidade compartilhada”, isto é, um crescimento inclusivo, que garanta a melhora de vida da parcela mais pobre da população.

“Há um custo enorme em ter taxas de juros altas. Isso coloca o Brasil em desvantagem competitiva, estrangula as empresas brasileiras, enfraquece a economia do país. Então o presidente Lula está absolutamente correto em estar preocupado com essas questões”, diz Stiglitz à BBC News Brasil.

Esquerda possui maior capacidade de resolver problemas da economia

Conselheiro durante o governo do democrata Bill Clinton (1995-1997) e atualmente copresidente da ICRICT (sigla em inglês para Comissão Independente de Reforma Tributária Internacional de Empresas), Stiglitz defende que o combate à desigualdade deve estar no topo das prioridades da reforma tributária brasileira – cuja proposta o governo Lula pretende apresentar ainda neste primeiro semestre.

O economista também afirma que a esquerda possui a maior capacidade para solucionar problemas estruturais da economia.

“Obviamente é importante ter um sistema tributário eficiente e isso exige simplificação. Mas o que é ainda mais ou igualmente importante para o Brasil é reformular o sistema tributário para combater a desigualdade”, afirma o economista, um dos defensores de um imposto global sobre multinacionais e do aumento da tributação sobre os mais ricos.

“Eu não posso opinar sobre a política brasileira, mas acredito que aumentar a progressividade do sistema tributário do Brasil deve ser uma prioridade. Diante do elevado nível de desigualdade do país, isso deve estar no topo da agenda.”

*Com informações da BBC Brasil