Cláudia Penechin também subiu ao palco do Mirante (Júlia Margalho)

 

Por Francisco Costa  e Maraya Machado, para a cobertura colaborativa do Fospa

 

Na 10ª edição do Fórum Social Pan-Amazônico, o Espaço Mirante do Sol, da Universidade Federal do Pará (UFPA), reuniu diversos grupos culturais. Coletivos de artistas se apresentaram demonstrando a diversidade musical, especialmente, da cultura indígena, ribeirinha e afro-brasileira.

O coletivo Centro de Estudos e Defesa do Negro do Pará, Cedenpa, com o bloco Afro Axé Dudu, foi um dos que apimentou o espaço com sua bagagem cultural, religiosa e musical, entoando repertório diversificado. Como pano de fundo, pautas que permearam o evento, como a valorização da cultura do continente-mãe, a África e a resistência dos povos quilombolas da Amazônia.

Graça do Socorro Clemente destacou que o Mirante se consolidou como espaço aglutinador (Júlia Margalho)

Professora e integrante do Cedenpa, Graça do Socorro Clemente disse que o Mirante se consolidou como um espaço “sociopolítico e aglutinador dos projetos culturais que focam na luta por direitos humanos” e que trazendo para sua atuação, que a música afro é um culto às suas raízes. “Temos nossos direitos, somos descendentes de pessoas escravizadas e não de escravos, nossos ancestrais eram reis e rainhas”.

Os coletivos que se apresentaram se manifestam como resistência povos que por muito tempo foram marginalizados pela sociedade. Mas mesmo de intensa pressão, não sucumbiram.

A vocalista do grupo Dalva de Cassia ressaltou que a música é instrumento de transformação. “Pois a nossa forma de ser foi negada neste mundo, de cultuar os nossos santos e de expressar nossas emoções. Assim, atuar neste movimento é criar um espaço de resistência, pois não aceitamos este espaço que o colonizador quer nos impor”.

Sentimentos ancestrais emanavam no ambiente. “Somos uma gota no meio deste oceano. Queremos reaver todos os nossos direitos que foram negados, inclusive, da universidade”.

Também se apresentando no espaço, a vocalista Claudia Penechin comentou que a diversidade marcou todos os dias de atividade do Fospa, no Mirante. “Cabe todos os povos, é nosso de direito”.