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Não há paralelo nem comparação possível da atuação do atual Ministério de Relações Exteriores do Brasil até a demissão do chanceler Ernersto Araújo. A opinião é do diplomata Celso Amorim compartilhada com a deputada Joana Mortágua, do Bloco de Esquerda de Portugal. Com o tema “A Imagem do Brasil no Mundo”, o debate entre Celso e Joana ocorreu hoje às 12h, abrindo a temporada 2021 do projeto Papo NINJA.

Celso foi ministro das Relações Exteriores dos governos Lula e Itamar Franco, além de ter sido embaixador do Brasil no exterior ministro da Defesa durante o governo Dilma. “Antes disso eu passei 40 anos na carreira de diplomata e nunca vi nada igual. Nem nos piores tempos da ditadura brasileira e óbvio que coisas horríveis se passaram no Brasil e os ditadores eram obcecados pela imagem”, disse Celso em relação à política externa brasileira e as relações diplomatas do atual governo. “O caso do (ex-ministro Ernesto) Araújo é fora de série, porque a diplomacia sempre trabalha pra evitar os problemas, para melhorar, para se tentar ter uma relação. E no caso do Araújo, nós tínhamos um ministro que criava ou agravava os problemas. De maneira consistente, com todos os países. Isso é muito raro”.

Um exemplo evidente que Celso traz ao debate é a participação brasileiras em fóruns essenciais articuladas internacionalmente para tomada de decisões. Neste caso, a falta de participação do Brasil. “Ivan Duque, presidente da Colômbia, um homem indiscutivelmente de direita, quis fazer uma reunião de cooperação entre países da América do Sul para tratar sobre a pandemia. Ele convidou outros dois ministros também de direita: o Piñera do Chile e o Lacalle Pou, do Uruguai. Por que ele não convidou Bolsonaro? Porque Bolsonaro é tóxico e a imagem dele é negativa. Sobre a Amazônia, sobre a pandemia, sobre direitos humanos, a mulher, tudo é negativo.

O debate ocorre dois dias após a saída de Ernesto Araújo do Palácio do Planalto, seguido de demissões de comandantes das Forças Armadas do governo Bolsonaro que fez alastrar uma crise sem precedentes no país. Paralelo a isso, os números recordes de casos e mortes da pandemia do coronavírus no Brasil convivem com uma economia em colapso que ameaça setores da economia mundial, entre eles os aéreo, automobilístico e de distribuição. Durante toda a semana, o Brasil e a crise política do país estiveram em manchetes de pequenos e grandes jornais de todo o mundo.

O Brasil é um problema global

Para Joana Mortágua, a imagem do Brasil no mundo é um problema global, já que afeta economias de todo o mundo. “Acho que essa pandemia nos mostrou que a selvageria liberal e neoliberal, diante de uma crise que é de saúde pública, só conduz a morte, o aprofundamento das desigualdades, e estamos a assistir isso no Brasil com muita tristeza”, disse. “O que aparece na televisão e nos noticiários daqui sobre o Brasil é uma tragédia”.

Para além de Bolsonaro, há um alinhamento internacional negacionista que é reflexo da política de Trump, apesar de não ter sido feito somente nos EUA. “A maneira como a direita apoiou o seu investimento negacionista teve um expoente máximo com Ernesto Araújo no Brasil. Eu fiquei assustada com o que li e com um alinhamento internacional que pretendia usar o vírus a uma arma política interna, dizendo que o vírus é uma invenção globalista. Isto é assustador e é um problema global”.

Por mais que haja alguns países que se sintam protegidos com a vacinação, e é verdade, não podemos esquecer que esta é uma pandemia global e novas estirpes continuam a surgir em países que não se protegem. Isso põe em causa (prejudica) o mundo inteiro e vai por em causa sobretudo os mais pobres do mundo, disse Joana.

O Papo NINJA é uma série de lives da Mídia NINJA que convida personalidades, comunicadores e ativistas para debater assuntos urgentes e importantes da sociedade. A conversa fica salva no IGTV da NINJA.