“Se Bolsonaro continuar por mais quatro anos, o dano pode ser irreparável”, diz editorial

Revista declara apoio em Lula, resgatando seu incentivo à Ciência, Educação e Meio Ambiente, entre outras pautas (Ricardo Stuckert)

 

No dia 25 de outubro a revista científica Nature dedicou um editorial ao tema. “Há apenas uma escolha na eleição do Brasil – para o país e o mundo”, é o título. No texto, lembrou que quando Bolsonaro foi eleito, em 2018 divulgou um texto dizendo que temia o pior. “A eleição de Jair Bolsonaro é ruim para a pesquisa e o meio ambiente’, escrevemos”. A Nature avalia que o mandato foi desastroso para a ciência, meio ambiente, para o povo do Brasil e do mundo.

“O histórico de Bolsonaro é de arregalar os olhos. Sob sua liderança, o meio ambiente foi devastado quando ele retirou proteções legais e menosprezou os direitos dos povos indígenas. Somente na Amazônia, o desmatamento quase dobrou desde 2018, com mais um aumento esperado quando o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil divulgar seus últimos dados de desmatamento nas próximas semanas”, destaca o editorial.

A crise humanitária, sanitária e econômica que adveio da pandemia também é destacada no texto que ainda equipara Bolsonaro ao ex-presidente dos EUA, Donald Trump. “Ambos tentaram minar o estado de direito e reduzir os poderes dos reguladores”, diz a revista.

A Nature destaca a gritante redução de financiamento para ciência e inovação, realçando a crise que assola às universidades federais, muitas delas, correndo o risco de fechar.

“A ciência e a academia serviram como inimigos fáceis em uma ofensiva anti-elite que refletia guerras culturais dos Estados Unidos”.

Segundo a Nature, um contraste com o governo do Partido dos Trabalhadores, que investiu na ciência, educação e na proteção ambiental, além de maciço sistema de transferência de renda para famílias em situação de vulnerabilidade, como o Bolsa Família.

“Por um tempo, o Brasil rompeu o vínculo entre o desmatamento e a produção de commodities como carne bovina e soja, e parecia que o país poderia ser pioneiro em sua própria marca de desenvolvimento sustentável. Muito desse progresso já foi desfeito”, lamenta a revista científica britânica.

Ressalta ainda que nenhum líder político chega perto de ser perfeito.

“Mas os últimos quatro anos do Brasil são um lembrete do que acontece quando aqueles que elegemos desmantelam ativamente as instituições destinadas a reduzir a pobreza, proteger a saúde pública, impulsionar a ciência e o conhecimento, proteger o meio ambiente e defender a justiça e a integridade das evidências”.

A Nature aponta que no próximo domingo (30), é chegada a hora de reconstruir o que Bolsonaro derrubou. “Se Bolsonaro continuar por mais quatro anos, o dano pode ser irreparável”.