Mulheres do Xingu no Acampamento Terra Livre (Mídia NINJA)

Na tarde do segundo dia do Acampamento Terra Livre (ATL), 25, mulheres indígenas com convidadas não indígenas se reuniram em plenária para pautar seus direitos, e quais os cenários e desafios que enfrentam atualmente, após a saída de Bolsonaro e o início de um novo governo.

Ao fazer a fala de abertura do evento, Sônia Guajajara, Ministra dos Povos Indígenas, falou do momento histórico pelos quais as mulheres estão passando: “Por meio da bancada do cocar, estamos dentro do Congresso Nacional, no parlamento. Isso é aldear a política. Estamos juntas meninas! Mulheres, essa luta é nossa!”, afirmou.

Em artigo publicado em 2021 intitulado “O movimento das mulheres indígenas: da invisibilidade à luta por direitos coletivos” as autoras Mariana Rezende Ferreira Yoshida, Raffaela Cassia de Sousa e Liana Amin Lima da Silva deixam claro que as mulheres indígenas “estão construindo um movimento próprio, de reconhecimento dos direitos da coletividade e de seus próprios direitos enquanto mulheres e indígenas. Por isso, o direito da anti-discriminação e suas teorias da interseccionalidade e da discriminação intergeracional se apresentam relevantes para a compreensão do processo histórico de exclusão social dessas mulheres.”

Quando falamos de direito das mulheres indígenas não podemos deixar de lado o fato de que sua relação na sociedade é completamente diferente de outros grupos, afinal, além das violências de gênero, raça e etnia, as diferenças culturais, de idioma e a violência contra o meio ambiente também influenciam a vida dessas mulheres, já que problemas como garimpo ilegal, desmatamento e a não demarcação dos territórios as obriga a lidarem não somente com as violências de seu próprio território, como também a proteger seus corpos contra a mineração, o garimpo e suas casas contra invasores.

Por isso, durante seu discurso, Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, fez questão de frisar seu compromisso com o “garimpo zero” e demonstrar total “apoio à luta dessas guerreiras”. E completa: “Que vocês continuem sendo a raiz mais profunda do governo Lula!”.

Já a deputada Célia Xakriabá, de Minas Gerais, afirmou que a pauta das mulheres não é uma “pauta progressista, mas sim humanitária”. Ela conta que protocolou um pedido para que o dia 5 de setembro seja reconhecido como o Dia Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres Indígenas e completou “A primeira pessoa que o governo Bolsonaro violentou foi uma mulher, foi a Mãe Terra.”

A plenária, organizada pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) junto à Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade (ANMIGA), trouxe como convidadas além das ministras Marina Silva e Sônia Guajajara e da deputada Célia Xakriabá, a presidente da FUNAI (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), Joenia Wapichana, a Ministra das Mulheres Cida Gonçalves e a Ministra do Turismo Daniela Carneiro e