Durante a COP, elas vêm ocupando espaços e se articulam para estarem representadas nas discussões que impactam sobre suas vidas

Neste sábado (12), coletivo de feministas apresentou documento com demandas coletivas (Mídia Ninja)

 

Teca Curio, com Mídia Ninja, para a cobertura colaborativa da COP27

 

Sabemos o quanto as mudanças climáticas têm afetado a todos nós. Mas por conta de fatores sociais, culturais e econômicos, afetam principalmente, as mulheres. A 27ª Conferência do Clima tornou-se também um espaço de debate. São diversos os painéis que se desdobram a pensar mecanismos para zerar, ou reduzir, os danos sofridos por elas. 

Sabemos que as mulheres têm um papel central no combate aos efeitos da crise climática e alguns deles são essenciais para que sejam encontradas soluções sustentáveis, como a diversificação de renda, garantia da segurança alimentar, proteção da biodiversidade, preservação de conhecimentos tradicionais, restauração de florestas, inovação e empreendedorismo, atuação na agroecologia e na economia solidária, defesa de seus territórios e garantia da segurança hídrica.

Durante a COP, elas vêm ocupando espaços e várias movimentações vêm sendo realizadas no sentido de integrar o debate e fazer parte dos planejamentos e discussão de soluções.

Neste sábado, a Coalizão de Ativistas Feministas Africanas lançou um conjunto de 27 demandas coletivas por responsabilidade e ação significativas para as mudanças climáticas na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2022.

A coalizão reúne mais de 150 ativistas de países de todas as cinco regiões da África e as suas representantes trouxeram pra COP, 27 demandas pedindo maior ambição e ação para atingir as metas de mudança climática, ao mesmo tempo em que atendem às necessidades específicas de mulheres e meninas africanas. No centro dessas demandas estão a equidade, a representação e o financiamento.

Mulheres falaram sobre o contexto em que vivem, em encontro na COP (Mídia Ninja)

Já nesta quinta-feira (11), um encontro reuniu mulheres de países diferentes, para contar histórias e buscar soluções com vozes de mulheres indígenas, especialistas em inovação climática e saúde dos Oceanos. Teve ainda apresentação musical “direto da Amazônia”. Sônia Guajajara, deputada federal recém-eleita, participou do evento.

As mais vulneráveis

Segundo relatório da ONU, cerca de 70% das pessoas em condições de pobreza no mundo são mulheres em áreas urbanas. Nas áreas rurais, são elas quem estão na linha de frente da força de trabalho da produção mundial de alimentos, mas de outro lado, dispõem de apenas de 10% das terras.

Elas também são vítimas de violências em áreas atingidas por desastres ecológicos. Nesses locais, há um aumento significativo de violência doméstica. Elas acabam ficando isoladas nessas áreas e dependentes do companheiro, pai e familiares, ficam presas em um ciclo de abusos.

Com o agravamento dos efeitos das mudanças climáticas, elas também sofrem com o acesso dificultado – quando não, raro – a recursos básicos como água e alimentos, o que gera ainda mais vulnerabilidade, pois as mulheres e meninas que precisam buscar recursos em locais distantes são expostas a sofrer violência sexual ao longo desses trajetos.

Vale ressaltar, no preâmbulo do Acordo de Paris, existe a indicação para que os países levem em conta os direitos humanos em suas políticas climáticas, em 2018 a Recomendação número 37 focou, especificamente, na realidade das mulheres nesse contexto de crise. E é por seus direitos que vão continuar lutando.