O Ministério Público Federal (MPF) do Pará ajuizou uma ação civil pública contra a União e a senadora Damares Alves (PL-DF) para que indenizem em R$ 5 milhões a população do Arquipélago do Marajó. O pedido é uma resposta às declarações falsas dadas pela ex-ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos durante um culto evangélico em Goiânia, no dia 8 de outubro de 2022.

Na ocasião, ela alegou que crianças do Marajó tinham dentes arrancados para não morderem durante a prática de sexo oral e eram traficadas para exploração sexual. Elas ainda comeriam comida pastosa para o intestino ficar livre para o sexo anal.

O MPF investigou a denúncia para tentar comprovar a veracidade, mas concluiu que foram informações “falsas e sensacionalistas” envolvendo abuso sexual e torturas às crianças do Marajó, que causaram dano à imagem do local. A população local ficou revoltada com a denúncia falsa.

No caso, se condenados, a indenização deve ser dividida e paga 50% por cada um dos denunciados. O valor deve ser usado em projetos sociais do arquipélago, que se destaca por ter alguns dos piores índices de pobreza do país.

O MPF requisitou todos os dados ao ministério, além do governo do Pará e à Polícia Federal, mas nenhuma das informações dadas pela ex-ministra eram verdadeiras. Os relatos ocasionaram uma grande movimentação de força de trabalho e gastos públicos para analisar as denúncias e apurações relacionadas aos referidos fatos. Nenhum destes, entretanto, foi confirmado.

A denúncia também lembra que Damares ainda disse que haveria imagens de estupros de bebês de oito dias, cujos vídeos seriam comercializados por valores entre R$ 50 e R$ 100 mil. O MPF requisitou todos esses dados ao ministério, além do governo do Pará e à Polícia Federal, mas nenhuma das informações dadas pela ex-ministra eram verdadeiras.

Os supostos crimes foram cometidos no contexto de campanha eleitoral para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), e usados para justificar a existência do “maior programa de desenvolvimento regional na Ilha do Marajó”. No caso, ela se referia ao programa “Abrace o Marajó”, criado pelo governo federal durante a sua gestão como ministra, com o objetivo de melhorar o IDH dos municípios da região.

Damares, após a repercussão negativa do caso, disse que não havia prova alguma, e que o relato dado veio de “conversas de rua”.

*Com informações de Carlos Madeiro, no UOL