O Ministro Lewandowski enfatizou a complexidade da motivação do crime, destacando as atividades ilícitas das milícias no Rio de Janeiro e seu envolvimento em questões territoriais

Foto: Tom Costa/MJSP

A motivação do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) foi política, aponta a investigação da Polícia Federal, que levou a prisão do deputado federal do União Brasil, Chiquino  Brazão, o atual conselheiro do Tribunal de Contas, Domingos Brazão, e do delegado Rivaldo Barbosa, então chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro. A atuação de Marielle contra o PLC 174/2016, de autoria do então vereador Chiquinho Brazão, é considerado um dos pilares da motivação do assassinato.

“Aqui entende destacar que este cenário recrudesceu justamente no segundo semestre de 2017, atribuído pelo colaborador [Ronnie Lessa] como sendo a origem do planejamento da execução ora investigadada. Ocasião na qual ressaltamos a descontrolada reação de Chiquinho Brazão à atuação de Marielle na apertada votação de PL 174/2016. No mesmo sentido, apontam diversos indícios do envolviemento dos Brazão, em especial de Domingos, com atividades criminosas, incluindo as relacionadas com milícias e grilagem de terras e, por fim, ficou delimiada, a divergência no campo político sobre questões de regularização fundiária e defesa dos direitos de moradia.”

O Ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou que a prisão dos supostos mandantes é uma “vitória do Estado brasileiro” contra a criminalidade organizada, e que as investigações aumentam o alerta sobre a atuação das milícias no Rio de Janeiro

“O que este relatório policial e as longas investigações revelam, antes de mais nada, é o modus operandi das milícias no Rio de Janeiro, que é bastante sofisticado, complexo, que se espaira, infezlimente, em todo o estado e por várias atividades. Eu tenho a impressão, que a partir deste caso, nós podemos, talvez, desvendar outros casos, ou pelo menos seguir o fio da meada de um novelo cuja a dimensão ainda não temos clara. Esta investigação é uma espécie de uma radiografia de como operam as milícias e o crime organizado no Rio de Janeiro, e como há um entrelaçamento com alguns órgãos políticos e públicos, que é algo realmente bastante preocupante”.

A operação que resultou nas prisões foi intitulada “Murder, Inc.” e contou com a participação da Procuradoria-Geral da República (PGR), do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Polícia Federal (PF). O caso vinha sendo investigado pela PF desde fevereiro do ano passado.

Os três suspeitos, Domingos e Chiquinho, foram detidos no Rio de Janeiro, juntamente com o delegado Rivaldo Barbosa, que também é suspeito de obstruir as investigações. Todos foram alvos de mandados de prisão preventiva expedidos pelo Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

A prisão dos supostos mandantes ocorreu após a homologação da delação premiada do ex-policial militar Ronnie Lessa, que está preso desde 2019 sob acusação de ser um dos executores do crime. Lessa forneceu informações cruciais sobre os mandantes e a motivação por trás do assassinato.

A família de Marielle Franco emitiu uma nota descrevendo o dia como histórico para a democracia brasileira e um passo importante na busca por justiça. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, expressou sua gratidão pelas prisões, destacando a importância de finalmente obter respostas sobre o caso.

As investigações continuam para determinar completamente os motivos por trás do assassinato de Marielle Franco.

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