Segundo o levantamento feito pela APIB são 15 mortes entre indígenas. Realidade em São Gabriel da Cachoeira, conhecida como a cidade mais indígena do Brasil, é sintomática.

Mobilização de indígenas da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn) para combater o coronavírus na região. Foto: Ana Amélia Handam

Os casos de indígenas infectados por Covid-19 chegou a 89, um aumento de 111% nos últimos quatro dias. As mortes contabilizadas pelas organizações indígenas chegaram a 15, um salto alarmante de 50% de indígenas falecidos no mesmo período. Segundo o levantamento feito pela APIB junto às organizações de base a pandemia já afetou 19 etnias até o momento e os casos suspeitos já abrangem todas as regiões do país.

A realidade em São Gabriel da Cachoeira, conhecida como a cidade mais indígena do Brasil, localizada no noroeste do Amazonas, é sintomática. Com 45 mil habitantes, sendo 25 mil morando em aldeias, a chegada do coronavírus no município acendeu o sinal de alerta para organizações indígenas e indigenistas sobre o risco para as comunidades locais.

Marivelton Baré, presidente da Foirn, disse em entrevista à Amazônia Real que é necessário que as autoridades públicas brasileiras viabilizem equipamento para que os atendimentos de pacientes de Covid-19 sejam realizados em São Gabriel da Cachoeira, para assim tentar evitar a transferência para Manaus. O Ministério da Saúde registrou no estado do Amazonas, até esta terça-feira 28, 4.337 casos confirmados e 351 mortes em decorrência da Covid-19.

São quatro casos confirmados na cidade, ambos atendidos pelo Hospital de Guarnição de São Gabriel da Cachoeira (HGuSGS) do Exército que não possui Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e conta com apenas sete respiradores para atender aos pacientes. Um professor indígena da etnia Baniwa, de 44 anos está hospitalizado com Síndrome Respiratória Aguda Grave por Covid-19 desde a sexta-feira (24). O estado de saúde dele é grave.

As organizações indígenas da região tem atuado em uma frente de combate ao coronavírus e trabalhado com a radiofonia como instrumento principal para comunicação com as aldeias de forma a levar informação e garantir a prevenção e isolamento das comunidades de difícil acesso.

Mobilização indígena

A Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), através dos esforços dos seus funcionários, parceiros e do Departamento de Mulheres Indígenas, lançou a campanha “Rio Negro, Nós Cuidamos!”.

A iniciativa visa captar recursos emergenciais para a compra de produtos de limpeza, ferramentas agrícolas, combustível, kits de pesca e alimentos não perecíveis, além da ampliação de serviços de comunicação fundamentais via radiofonia, carros de som e informes de áudio.

Para apoiar é fácil! Basta acessar o site https://noscuidamos.foirn.org.br/ e fazer a doação via cartão de crédito, PayPal ou depósito direto na conta do Fundo Foirn.