Moïse Kabagambe é o quinto congolês morto brutalmente no Brasil, afirma embaixada
Comunidade mobiliza ato para o próximo sábado, às 10h, em frente ao local do crime no RJ
Nascido na República Democrática do Congo, Moïse Mugenyi Kabagambe, conhecido como Soldado, é mais um jovem brutalmente assassinado no Brasil. A família conta que o estabelecimento onde ele trabalhava por diárias, o quiosque Tropicália localizado no posto 8 da Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, devia a Moïse dois dias de pagamento. Quando ele foi cobrar, o responsável pela barraca se negou a quitar a dívida e os dois discutiram. Minutos depois, o devedor chamou um grupo de quatro pessoas, que torturou o congolês por cerca de 15 minutos até a morte, com pedaços de madeira e um taco de beisebol.
A Embaixada da República Democrática do Congo divulgou à imprensa uma nota em que afirma que a morte covarde de Moïse não foi a única contra congoleses no Brasil. “Informamos que neste momento temos 4 outros casos de compatriotas que foram brutalmente assassinados neste país e aguardamos os resultados da investigações policiais”, conforme trecho da nota divulgada nesta segunda-feira (31) no Jornal Nacional. De acordo com dados do Ministério da Justiça, de 2011 a 2020, 53.835 pessoas foram reconhecidas como refugiadas no Brasil, das quais 1.050 delas eram congolesas.
A Polícia Civil informa que as investigações estão em andamento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Afirmam que diligências estão em curso para identificar os autores do crime e que a perícia foi realizada no local e que imagens de câmeras de segurança foram analisadas. O secretário municipal de Fazenda no Rio de Janeiro, Pedro Paulo, afirmou que irá suspender o alvará de funcionamento do quiosque Tropicália. A concessionária Orla Rio, administradora dos quiosques de praia do RJ, informou que suspendeu as operações do quiosque até o encerramento das investigações.
A comunidade congolesa no Brasil junto a familiares de Moïse mobilizam um ato no Rio de Janeiro, no próximo sábado, a partir das 10h, no posto 8 da Barra da Tijuca, local do crime. A comunidade também divulgou uma nota em repúdio ao espancamento. “Esse ato brutal, que não somente, manifesta o racismo estrutural da sociedade brasileira, mas claramente demonstra a xenofobia dentro das suas formas, contra os estrangeiros. Nós da comunidade congolesa não vamos nos calar”, afirmam em nota. “Combater com firmeza e vencer o racismo, a xenofobia, é uma condição para que o Brasil se torne uma nação justa e democrática”.
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