Minneapolis decide desmontar Departamento de Polícia depois da morte de George Floyd
O Conselho da Cidade de Minneapolis votou pelo fim do Departamento de Polícia da cidade, depois que vários membros expressaram uma completa perda de confiança na instituição.
Por Um Principe do Gueto e Thais Pimenta
O Conselho da Cidade de Minneapolis votou pelo fim do Departamento de Polícia da cidade, neste sábado, 7, depois que vários membros expressaram uma completa perda de confiança na instituição.
Esta era uma antiga reivindicação dos moradores de Minneapolis, já que histórico do Departamento de Polícia para solucionar crimes graves é consistentemente baixo. Por exemplo, em 2019, a polícia de Minneapolis resolveu apenas 56% dos casos em que uma pessoa foi morta. Para estupros, a taxa de resolução é ainda mais baixa. Em 2018, a taxa de elucidação de estupro foi de apenas 22%. Em outras palavras, quatro em cada cinco estupros não são resolvidos em Minneapolis.
Além destes dados vergonhosos, o Departamento de Polícia de Minneapolis tem um histórico violento contra negros. O uso da força contra pessoas negras é 7 vezes maior do que para pessoas brancas, ainda que a população negra da cidade seja de apenas 20%.
Desde 2015, a “tática” de usar o peso corporal sobre o pescoço de pessoas detidas em ações, tem sido usado cerca de 2.200 vezes contra pessoas negras, o dobro de vezes que foi usado contra pessoas brancas, no mesmo período, de acordo com relatórios do próprio Departamento de Polícia da cidade.
A pior forma de punição para os policiais que têm histórico de má conduta, até então, “foram 40 horas de suspensão não remunerada”, disse Dave Bicking, ex-membro da autoridade de revisão da polícia civil de Minneapolis, em entrevista ao The New York Times.
O prefeito Jacob Frey se posicionou contra o desmonte do Departamento de Polícia e foi duramente criticado pelos manifestantes por não aceitar a reivindicação. Frey era advogado dos Direitos Civis e foi eleito por uma plataforma que prometia melhorar a relação da polícia com a cidade.
A não aceitação rendeu a Frey um coro estrondoso de vaias e cânticos de “Vergonha!” e “Vá para casa, Jacob, vá para casa!”, segundo o jornal The New York Times, que descreveu a cena como “humilhação em uma escala quase inimaginável”.
A votação teve 9 dos 13 membros do Conselho votando a favor da dissolvição do Departamento de Polícia de Minneapolis.
Após a votação do Conselho, o prefeito resolveu voltar atrás e apoiar o fim da polícia de Minneapolis, que ganhou notoriedade por conta do assassinato de George Floyd no dia primeiro de junho.
Na entrevista de hoje do programa “Good Morning America”, com a ABC News, Frey disse “Sejamos claros, sou a favor de reformas maciças, estruturais e transformacionais para o sistema inteiro que, por gerações, não trabalhou para pessoas negras.”
A pressão reivindicada pelos protestos é o desmantelamento dos departamentos de polícia de muitos Estados e está ganhando força após a morte de George Floyd.
O prefeito, os representantes do Conselho e os moradores irão decidir juntos como será a nova forma de segurança na cidade.
Lisa Bender, presidente do Conselho, disse que os detalhes do plano de revisão precisam ser discutidos mais adiante, acrescentando que ela tentará mudar o financiamento direcionado à polícia para estratégias baseadas na comunidade.