Rua Gonçalo de Carvalho, em Porto Alegre (RS), conhecida por seu “túnel verde” (Adalberto Cavalcanti Adreani)

“Tá calor”. “Tá quente”. “Estamos derretendo”. “Me sinto num forno”. Essas são algumas das frases ditas ultimamente em todo o Brasil devido à chegada de uma massa de ar quente ao nosso país, somada às ações do fenômeno climático El Niño, ao aquecimento das águas do Atlântico Norte e, claro, às consequências da crise climática, resultado da ação da humanidade que afeta o clima em todo o planeta.

Um dos motivos do calor excessivo nos centros urbanos é também o excesso de asfalto e a pouca ou nenhuma presença de árvores. Uma pesquisa publicada na revista científica The Lancet, em 31 de janeiro deste ano, informa que um terço das mortes prematuras relacionadas a altas temperaturas nas cidades europeias no verão de 2015 poderia ter sido evitada com o aumento da cobertura arborizada urbana para 30%.

Além disso, as folhas das árvores estão constantemente retirando calor da atmosfera, quando estão no processo de transformar água em vapor. Diversos estudos apontam que as árvores, além de fornecerem sombra, impedindo que o asfalto e outras superfícies absorvam o calor do sol diretamente, também podem diminuir a temperatura em até 8ºC, de acordo com Simone Borelli, engenheira agroflorestal e urbana da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

As árvores funcionam como ar condicionado, refrescam, diminuem a temperatura, evitam que superfícies superaqueçam, um mecanismo inteligente e natural de evitar o calor. Porém, a ganância faz com que existam cada vez menos árvores e cada vez mais prédios, mais concreto e, também, mais pasto, mais áreas com soja e milho. Quando pessoas falam da importância das árvores para “segurar o calor”, não é crendice popular. É realidade científica, que deve ser ouvida, respeitada e aplicada.

Precisamos de mais árvores porque a crise climática chegou com tudo. As pessoas estão morrendo com as ondas de calor. O momento agora é de soluções que recuperem e mitiguem os efeitos dessa emergência, que podemos observar com a seca na Amazônia e as enchentes no sul do país, que aconteceram recentemente. Menos prédios, menos concreto e mais árvores. Essa é uma das soluções que pode ser aplicada para evitar o aumento de temperaturas nos grandes centros, algo que poderia ter sido evitado se não fosse a irresponsabilidade de quem derruba florestas e desmata áreas gigantes para a monocultura.