A sessão do filme em território emblemático de conflito agrário mobilizou a militância e amigas(os) do movimento presentes no evento cultural e em defesa da Reforma Agrária

Wagner Moura dialoga com o público após a exibição do filme Marighella. Foto Jonas Souza

Ao longo do último sábado (6), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra promoveu um encontro histórico reunindo a militância e amigas(os), onde foi exibido o filme que conta a trajetória do líder revolucionário Carlos Marighella.

O encontro não poderia ter sido sediado em outra parte senão na Bahia, comentou João Paulo Rodrigues da Direção Nacional do MST. Considerando que apesar de Carlos ter militado para libertar toda a nação brasileira de regimes autoritários, o líder comunista era baiano, assim como o diretor do filme, Wagner Moura, que também esteve presente no evento.

Foi um momento simbólico onde “Marighella se encontrou com o seu público”, mencionou Wagner Moura. Contando com a presença de inúmeras personalidades das artes, cultura, militância e política que resguardam o legado do ícone revolucionário e apoiam a luta do MST por Reforma Agrária Popular no país.

“O sentimento é muito potente… essa foi a exibição do filme mais importante que tivemos até agora!” – afirmou Wagner Moura sobre a sessão especial do filme Marighella, no Assentamento Agroecológico Jacy Rocha, no Prado, Bahia.

Bosque Carlos Marighella foi inaugurado com plantio de 2 mil mudas nativas em homenagem ao líder. Foto Jonas Souza

Principalmente, considerando um histórico emblemático de conflitos agrários que vêm sendo sofridos por Sem Terras na região. Desde o ano passado, o Governo Bolsonaro tenta intervir por meio de órgãos federais contra o movimento no Prado, onde ocorreu a exibição do filme. Além dos ataques de milícias armadas que aconteceram na última semana.

“Não há nada mais poderoso pra mim, do que quando eu sinto que existe uma conexão verdadeira entre a luta de Marighella e a vontade que nós tivemos de falar dessas lutas, e as lutas que estão acontecendo agora no Brasil”, pontuou Wagner.

O diretor do filme declarou que o encontro simbólico e histórico entre a obra “Marighella” e seu público, o faz acreditar em um futuro melhor para o país. Apontando que o desejo de fazer o filme vai além do que narrar a resistência à ditadura militar, que sua intenção verdadeira é falar sobre todos(as) aqueles(as) que dedicaram suas vidas pela democracia e direitos no país.

“Eu não vejo luta histórica mais importante no Brasil do que a luta contra o racismo e a luta pela terra. O MST é o movimento social mais poderoso que eu conheço. A sensação que eu tive é que o filme tinha encontrado o seu público, mesmo!” – sinalizou Moura.

“A democracia é um arado que a gente não pode deixar de disputar”

Antes da exibição do filme, desde a manhã do sábado (6), o assentamento foi palco de uma programação diversa de atividades, reunindo cerca de mil pessoas. Onde houve a Plenária dos Povos de Terreiro, Indígenas e Quilombolas, concomitante a realização da Feira Agroecológica com os produtos da Reforma Agrária de várias partes da Bahia e Armazéns do Campo.

De tarde, houve o ato político em defesa da Reforma Agrária. Na ocasião, saudaram o movimento as(os) participantes da mesa representando as siglas do Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Comunista do Brasil (PCdoB), União Nacional dos Estudantes (UNE), Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) e Universidade do Estado da Bahia (UNEB).

Reafirmando o compromisso com o “Plano Nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis”, foram plantadas 2 mil árvores nativas em homenagem ao líder revolucionário, com a participação de seus familiares e outras(os) convidadas(os). “Marighella também é uma semente da nossa luta” – declarou Bárbara Loureiro, coordenadora do plano nacional, lembrando que essa semana completa 52 anos de sua morte.

Maria Marighella planta mudas em homenagem ao avô junto ao MST. Foto Dule Maria

Em falas emocionadas durante o plantio, Bernardo, indígena Pataxó, declarou que é preciso plantar as sementes do amanhã para as futuras gerações. Pastor Henrique Vieira saudou o MST e a resistência popular em nome de Marighella, Zumbi, Dandara, entre muitas(os) outras(os) que tombaram pela humanidade. Maria Marighella, neta do guerrilheiro, afirmou que “a democracia é um arado que a gente não pode deixar de disputar”.

Além de Wagner Moura, parte do elenco do filme estiveram presentes, Herson Capri, Bella Camero e Felipe Velozo. A cineasta Tata Amaral também marcou presença, assim como os atores Leandro Ramos e Ernesto Xavier. A artista Preta Rara, Otto e Pally Siqueira também compareceram ao evento, entre outras(os) influencers, políticos, sindicalistas, jornalistas e amigas(os).