Lula rebateu as acusações feitas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que afirmou que o atual governo estaria realizando perseguições. Lula classificou as declarações de Bolsonaro como uma “grande asneira” e destacou que o governo não tem controle sobre a Polícia Federal (PF) ou a Justiça.

“O governo brasileiro não manda na Polícia Federal, muito menos o governo brasileiro manda na Justiça”, afirmou o presidente durante uma entrevista. Ele fez questão de ressaltar que, durante o mandato de Bolsonaro, este teria tentado influenciar a PF, substituindo superintendentes de maneira arbitrária e sem respeitar as opiniões do diretor-geral e do ministro da Justiça da época.

“Acho que as coisas têm que funcionar de acordo com os interesses da própria instituição. A PF é uma instituição muito importante para o Brasil. Acho que a PF não pode exorbitar em fazer pirotecnia. Quer investigar, investigue, mas não faça show pirotécnico”, acrescentou Lula.

Operação de busca e apreensão

Nesta segunda-feira (29), o vereador Carlos Bolsonaro, filho “02” de Jair Bolsonaro, foi alvo de mandados de busca e apreensão em uma nova operação deflagrada pela Polícia Federal. A ação é parte das investigações sobre o suposto uso ilegal de sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante o governo Bolsonaro, quando Alexandre Ramagem dirigia o órgão.

Na última quinta-feira (25), o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, foi alvo de buscas, resultando na apreensão de quatro computadores, seis celulares e 20 pendrives em seus endereços. Entre os objetos confiscados, destaca-se um notebook e um celular pertencentes à Agência.

A operação tem como foco o “núcleo político” de Ramagem, incluindo aliados dele na época da Abin e no atual mandato como deputado federal. As buscas não se limitam apenas ao âmbito residencial; há também mandados sendo cumpridos na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro.

As suspeitas recaem sobre Carlos Bolsonaro, que, segundo apurações, pode ter recebido materiais obtidos ilegalmente pela Abin. A Polícia Federal informou que nove mandados de busca e apreensão foram executados nesta segunda-feira (29), abrangendo cinco na cidade do Rio de Janeiro, um em Angra dos Reis (RJ), um em Brasília, um em Formosa (GO) e um em Salvador.

A investigação conduzida pela PF busca esclarecer se a Abin foi “instrumentalizada” para monitorar ilegalmente uma série de autoridades, pessoas envolvidas em investigações e desafetos do ex-presidente Jair Bolsonaro.

As possíveis violações incluem crimes como invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.