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Por Noelle Pedroso

No cenário do cinema contemporâneo, a representatividade tem se destacado como uma questão crucial, abrindo caminho para artistas talentosos que antes eram marginalizados nas telas. Entre esses talentos emergentes está Lily Gladstone, uma atriz e roteirista norte-americana que está fazendo história como a primeira mulher indígena a ser indicada ao Oscar.

Sua indicação na categoria de Melhor Atriz pelo papel em “Assassinos da Lua das Flores”, dirigido por Martin Scorsese, é um marco significativo não apenas para Gladstone, mas também para a comunidade indígena e para a representação no cinema como um todo.

Gladstone conquistou o público e a crítica com suas performances memoráveis em uma variedade de produções. Seu talento foi reconhecido em filmes como “Certas Mulheres”, “First Cow – A Primeira vaca da América”, “The Unknown Country” e “Em Retirada”, solidificando sua posição como uma das atrizes mais promissoras de sua geração.

O filme “Assassinos da Lua das Flores” apresenta uma narrativa baseada em eventos reais que marcaram os povos originários dos Estados Unidos. Adaptado do livro reportagem de David Grann, o filme retrata uma série de assassinatos cometidos contra a nação indígena Osage no início dos anos 1920.

O envolvimento dos Osages na produção do filme, tanto na frente quanto por trás das câmeras, é um testemunho do compromisso de Martin Scorsese com a autenticidade e a representação fiel dos povos originários americanos. Além disso, a escolha de Lily Gladstone para o papel principal foi cuidadosamente considerada e aprovada pelos Osages, dada sua conexão com a reserva Blackfeet e sua compreensão das questões enfrentadas pelos povos indígenas.

A trajetória de Lily Gladstone no cinema é um exemplo inspirador de determinação, talento e representação. Sua presença no Oscar deste ano não apenas celebra suas conquistas individuais, mas também destaca a importância de criar espaço para vozes diversificadas e autênticas na indústria cinematográfica.

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No palco do Globo de Ouro, Lily Gladstone não apenas aceitou um prêmio, mas ecoou uma mensagem poderosa de esperança e representação para as crianças indígenas em todo o mundo. Ao ser agraciada com o prêmio de Melhor Atriz de Drama, ela dedicou sua vitória a cada criança nativa que ousa sonhar.

Em um discurso emocionante, Gladstone compartilhou sua jornada e reconheceu o trabalho incansável de sua mãe para preservar a cultura Blackfeet. Ela expressou gratidão e reconheceu sua responsabilidade em ecoar histórias indígenas nas telas de cinema.

Embora não seja fluente na língua de seus antepassados, Lily Gladstone aproveitou a oportunidade para compartilhar algumas palavras em Blackfeet, simbolizando o orgulho e a conexão com sua herança cultural. Ela também expressou sua gratidão aos aliados em sua jornada, incluindo colegas de trabalho como Leonardo DiCaprio e Martin Scorsese, que abriram portas para a representação indígena na indústria cinematográfica.

Aos 37 anos, Lily Gladstone fez história como a primeira mulher indígena a ganhar um Globo de Ouro, que já existe a 81 anos, e agora, uma das favoritas a ganhar o Oscar de Melhor Atriz. Uma conquista que ressoa não apenas em sua comunidade, mas em todas as crianças indígenas que agora podem se ver representadas em seu trabalho.

Texto produzido em cobertura colaborativa da Cine NINJA – Especial Oscar 2024