Jornalista Juliana Dal Piva, do UOL, enfrenta processo judicial após denunciar ameaça de Frederick Wassef

Montagem da foto de Tiago Queiroz/Estadão Conteúdo, com o print da ameaça denunciada pela jornalista

A jornalista Juliana Dal Piva, do UOL, está prestes a ser julgada por ter divulgado o print de uma ameaça que Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro, fez contra a jornalista.  No ano passado, em seu podcast, Juliana fez uma série de matérias, “A Vida Secreta de Jair”, sobre o envolvimento de Jair Bolsonaro no esquema ilegal de cobrança de dinheiro de assessores quando era deputado federal, prática conhecida como ‘rachadinha’.

Em artigo publicado no último domingo pela Folha de S.Paulo, Katia Brembatti, presidente da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo, e Bia Barbosa, coordenadora de incidência da Repórteres Sem Fronteiras, alertaram para o possível desfecho do julgamento que deve retornar à pauta do Tribunal de Justiça de São Paulo nos próximos dias. Por quê? O resultado do julgamento pode impactar diretamente o trabalho de mulheres jornalistas no Brasil.

Para as especialistas, a decisão do juiz Fábio Junqueira, da 6ª Vara Cível do TJ-SP, ignorou jurisprudência do Supremo Tribunal Federal ao transformar a jornalista ré no processo. O magistrado decidiu condenar Wassef pelas ameaças, mas também sentenciou a Dal Piva por ter divulgado o conteúdo da ameaça.

No artigo, Katia e Bia lembram ainda que o “Supremo Tribunal Federal já pacificou, em diversas decisões, que é permitida a divulgação, pelas partes, de conteúdo de conversas, desde que haja uma motivação evidente, como interesse público ou estratégia de proteção. É o caso da repórter. Afinal, a exposição da ameaça leva, muitas vezes, ao recuo do agressor, sendo uma prova de possível autoria”.

Onda de solidariedade

Nas redes, multiplicam-se declarações de apoio ao trabalho da jornalista, além de solidariedade diante da ameaça de violação do direito de contar histórias, com segurança, em uma democracia. Confira algumas mensagens: