Foto: Rodrigo França

Ícone das comunidades negras e LGBTQIAP+, Jorge Lafond terá sua história contada no teatro em um musical inspirado em uma carta póstuma escrita por sua prima, Aline Mohamad. Com direção de Rodrigo França, Aretha Sadick viverá a exuberante Vera Verão, Alexandre Mitre interpretará Jorge Lafond e Noemia Oliveira fará o papel da prima que o renegou quando tinha apenas 10 anos.

A peça chega aos palcos do Teatro Ipanema, no Rio de Janeiro, no próximo sábado, 25 de junho, às 20h. O trabalho é resultado do primeiro texto teatral de Aline, desenvolvido em parceria com Diego do Subúrbio . A ideia de montar a peça surgiu após a autora escrever uma carta póstuma a Laffond, em uma tentativa de reconciliação com o primo.

Aline relatou que embora tenha se afastado do primo na infância, aos 20 anos se deparou com sua própria bissexualidade, decidindo assim escrever uma carta ao primo, que nunca foi entregue.

“Depois dos 30 anos algumas coisas foram mudando em mim. Um dia, ao voltar de uma festa onde me vi atraída por uma travesti, escrevi uma carta que nunca seria entregue ao destinatário. Um pedido de desculpas, uma redenção, uma luz nas diversas encruzilhadas que eu tenho com meu primo Jorge Lafond“, relembrou Aline.

“Foram alguns meses de reunião, refletindo sobre os caminhos que esse texto iria seguir”, escreveu o dramaturgo Diego do Subúrbio, em suas redes, que entrou no projeto a partir da indicação do diretor Rodrigo França. “Quando eu comecei a pesquisar mais a fundo a história de Jorge, uma figura muito presente na minha infância e adolescência, fui entendendo como nossas histórias se cruzavam. Chegar até esse texto foi um desafio pra mim, pois era falar de marcas que tocavam profundamente. Me desprender da dor e entender que somos mais que isso”.

Foto: Rodrigo França

Tido como uma figura estranha, exótica e que ao mesmo tempo serviu como entretenimento para a “família tradicional brasileira”, a missão de Aretha, Noemia e Alexandre será de demonstrar a força e a humanidade do artista no palco.

“Faremos uma reparação histórica, humanizando um dos maiores artistas deste país”, reflete o diretor Rodrigo Franca. “Jorge Lafond passou por um grande dilema na história da televisão brasileira, que retrata o que é o país em relação à população negra e LGBTQIAP+. A violência de ter que sair do estúdio de TV para trocar de roupa, pois um padre entraria, nos mostra o quanto é cruel sermos nós mesmos”.

O espetáculo terá como entrada uma contribuição voluntária e ficará em cartaz no Teatro Ipanema até o dia 24 de Julho, no Rio de Janeiro.