Como transformar a vida de jovens pretos de favelas brasileiras? Ian Nunjara explica

Foto: Arquivo Pessoal

Por Renata Renovato para os Estudantes NINJA

Como transformar a vida de jovens pretos de favelas brasileiras? Além das políticas afirmativas que são essenciais para a transformação da sociedade, iniciativas como a de Ian Nunjara, fizeram e fazem da vida, de muitos jovens pretos e muitas jovens pretas, uma real mudança de perspectivas.

Você conhece o IBO? Este é um espaço de formação para jovens que, a partir dos 18 anos, podem ter acesso à mentorias, formações e acolhimento e possui, como meta, um novo paradigma para os jovens pretos brasileiros:

“Fazer com que pessoas se tornem protagonistas da própria vida, dizer para as pessoas pretas que elas podem, elas conseguem.”

Esta é a meta de Ian à frente do Instituto, e seu objetivo, atualmente, é o de conseguir formar 10 mil jovens até 2025.

Ian foi convidado pelos Estudantes NINJA, para um bate papo, para falar um pouco sobre o que é o IBO.

Ian disse ter sido um jovem que entrou em um programa de trainee, da empresa Ambev, em 2017 e que, naquele momento, era o primeiro jovem preto a fazer parte do programa nesta empresa. Foi ali que percebeu a grande diferença que havia entre ele e os outros jovens que também eram trainee. Ian, mesmo tendo cursado direito na UERJ, sentia que suas experiências e vivências não contribuíam muito para seu desenvolvimento no meio corporativo. Lá, ele descobriu que outras pessoas tinham acesso à mentorias e coaches, serviços que, até aquele momento, ele nunca soube da existência. Foi então que pensou que deveria fazer por outros jovens pretos e outras jovens pretas, o que ele nunca teve.

Após algum tempo dando mentoria para jovens informalmente, ele resolveu fundar, oficialmente, a IBO.
Em 2020 a IBO passou a fazer parte de uma de suas ocupações e já conseguiu ajudar a mais de 100 jovens a melhorar o que ele chama de “soft sklills” ( habilidades comportamentais para empresa).

Ao falar sobre a dinâmica dentro de uma grande empresa ele acrescenta “ não é sobre resultado, é sobre relacionamento.” O que para ele foi um desafio na época, passou a ser uma missão, ao levar importantes informações para jovens como ele. O advogado explica que a IBO possui hoje três principais pilares:

1º -Formar black leaders: apresentando as possibilidades aos jovens pretos sobre suas potencialidades e seus papéis de liderança.

2º- Mentorias com executivos: momento em que os jovens ouvem palestras fazem contato com executivos de várias empresas.

3º- Network: momento em que as empresas dialogam com estes jovens, e muitas fazem contratações destes mesmos jovens.

Outro ponto muito importante do Instituto, é o “ espaço seguro” que atende aos jovens, em formação, através de troca de experiências, onde, segundo Ian “ só entram pessoas pretas pra falar de suas dores, amores…”

Além disso, neste espaço, haverá, em breve, parecia com o zen Club que irá oferecer atendimentos psicológicos para esses formandos, sendo 95% dos psicólogos pretos.

Ian também explicou que agora o IBO também abre espaço para a comunidade LGBTQIA+ e que tem como meta atender um maior número de mulheres.

O Instituto possui atualmente duas turmas anuais, uma no início do ano e uma no fim e que atende, de maneira totalmente gratuita, jovens a partir de 18 anos que estejam estudando. As inscrições são feitas na própria bio das redes sociais, sempre que há novas turmas.

Outra informação importante, é que a mentoria funciona 100% on-line e que a instituição está buscando ampliar suas ações, principalmente, para os estudantes das regiões norte e nordeste, devido maior carência nestas regiões, destes serviços. O Instituto , inclusive, oferece para estudantes que tiverem, no mínimo, 75% de frequência, bolsas para universidades.

Hoje, após dois anos de funcionamento, o Instituto ainda pretende trabalhar com outras parcerias, para melhorar cada vez mais os serviços oferecidos, e não possui qualquer investimento externo.

Grande parte do que o Instituto oferece sai do bolso do advogado que, atualmente, trabalha para um banco digital na parte de acessibilidade e diversidade e, diz que, apesar de não poder atender a todos os jovens, devido às limitações financeiras, “o fato de jovens pretos e outros jovens LGBTQIa+ tomarem conhecimento da existência de institutos como este que, os acolhem e formam, é um grande avanço, eu, na minha época, nunca soube.”