HIV indetectável não transmite e agora novo estudo da OMS acrescenta que cargas virais baixas também tem um risco de transmissão sexual “quase zero”
Pessoas vivendo com HIV, mantendo níveis baixos do vírus e aderindo à terapia antirretroviral, têm risco insignificante de transmiti-lo a parceiros, afirma estudo da OMS que ajuda a reduzir estigma e preconceito.
Estudo é um marco significativo na luta contra a disseminação do HIV e tem o potencial de ajudar a eliminar o estigma e o medo associados à condição
Uma nova pesquisa publicada na prestigiada revista The Lancet trouxe avanços para o campo do HIV. Segundo os resultados do estudo conduzido por pesquisadores da Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com o Global Health Impact Group, pessoas vivendo com HIV, que mantêm níveis baixos do vírus (ainda que detectáveis) e aderem ao tratamento antirretroviral, apresentam um risco quase insignificante de transmiti-lo a seus parceiros sexuais.
Essa descoberta é um marco significativo na luta contra a disseminação do HIV e tem o potencial de eliminar o estigma e o medo associados à condição. As novas evidências indicam que quando a carga viral do HIV é suprimida a níveis iguais ou inferiores a 1000 cópias por ml de sangue, o risco de transmissão do vírus é insignificante, praticamente nulo. Pesquisas anteriores já haviam demonstrado que indivíduos com cargas virais abaixo de 200 milímetros de sangue não transmitiam o HIV sexualmente, mas o risco associado às cargas entre 200 e 1000 cópias por milímetro de sangue não estava claramente definido até esta pesquisa.
A divulgação das novas orientações científicas e normativas sobre o HIV aconteceu durante a 12ª Conferência Internacional da Sociedade Internacional de Aids (IAS) sobre Ciência do HIV. O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, expressou sua satisfação com os resultados do estudo, destacando que as diretrizes baseadas em evidências da OMS têm sido fundamentais para prevenir, testar e tratar a infecção pelo HIV em todo o mundo por mais de duas décadas. Agora, essas novas diretrizes têm o potencial de impactar positivamente a vida de milhões de pessoas que vivem com HIV ou estão em risco de contrair o vírus.
“A terapia antirretroviral continua a transformar a vida das pessoas que vivem com HIV. As pessoas que vivem com HIV que são diagnosticadas e tratadas precocemente, e tomam a medicação conforme prescrito, podem esperar ter a mesma saúde e expectativa de vida que suas contrapartes HIV negativas”, afirma a OMS.
Os especialistas enfatizam que os resultados também trazem esperança para mulheres vivendo com HIV, pois a pesquisa demonstrou um baixo risco de transmissão vertical do vírus para seus filhos durante a gravidez, parto ou amamentação.
No final de 2022, aproximadamente 29,8 milhões das 39 milhões de pessoas vivendo com HIV em todo o mundo estavam em tratamento antirretroviral, o que representa 76% da população afetada pelo vírus. É importante ressaltar que cerca de 71% desses pacientes alcançaram a supressão viral, mostrando a eficácia do tratamento em controlar a replicação do vírus.
Apesar desses avanços, os pesquisadores alertam que a supressão da carga viral em crianças vivendo com HIV ainda é preocupantemente baixa, atingindo apenas 46%. Portanto, há a necessidade de um esforço contínuo para melhorar o acesso ao tratamento e a qualidade dos cuidados para essa população vulnerável.
As descobertas do estudo são um divisor de águas na abordagem da epidemia de HIV e fornecem esperança renovada para um futuro livre do estigma e da transmissão do vírus. Com as novas evidências científicas, é possível educar a sociedade sobre a realidade do HIV indetectável e trabalhar em conjunto para reduzir a disseminação do vírus, além de promover uma maior qualidade de vida para as pessoas vivendo com HIV.