#AoVivo da Argentina: Sessão histórica da Câmara dos Deputados sobre a votação da Legalização do Aborto – Interrupção Voluntária da Gravidez.

Publicado por Mídia Ninja em Quarta-feira, 13 de junho de 2018

 

A Câmara dos Deputados da Argentina debate desde às 11 horas desta quarta-feira, 13, se tornará o aborto legal ou não no país. Foram meses de campanha em defesa do aborto legal, seguro e gratuito, levando uma maré de mulheres com seus lenços verdes, a corda desta luta, que é um dos pontos culminantes das grandes marchas por #NiUnaMenos. A mobilização reuniu milhares de mulheres, lotando as ruas pedindo: Nenhuma morta a mais por abortos clandestinos.

Enquanto o debate sobre o aborto legal avança, alguns deputados “indecisos” começaram esta manhã a esclarecer dúvidas sobre qual será o seu voto, e a recontagem se mostra a favor do projeto que ganhou maioria no plenário de comissões e que pauta a interrupção voluntária da gravidez.

O plenário de comissões conta com 257 deputados. A expectativa é de que o projeto seja aprovado e para isso, são necessários 129 votos. Atualmente 122 deputados se colocam a favor da legalização e 118 contra.

O projeto despenaliza a interrupção voluntária da gravidez e permite o aborto até a 14ª semana de gestação. Na Argentina, o aborto é permitido só em casos de estupro e de risco de morte da mãe.

Um dos que manifestaram sua mudança de posição foi o deputado José Ignacio de Mendiguren, que no início do debate disse que votaria contra o aborto, a partir de suas crenças religiosas. No entanto, esta manhã De Mendiguren notificou sua mudança de posição em seu perfil do Twitter “O debate mudou minha posição original, contrário da legalização do aborto. Eu votarei a favor da lei. Minhas convicções são minhas, elas guiam minha vida. Mas minhas convicções não são a verdade. A verdade é o que acontece e minha obrigação como deputado é trabalhar para transformá-las”.

Com o voto positivo do dirigente da União Industrial, a recontagem dos votos das declarações públicas foi para 122 votos a favor e 118 contra, segundo a planilha colaborativa lançada pela Economía Feminista, que segue o minuto a minuto do debate histórico sobre o aborto legal.

De Mendiguren explicou que sua mudança de voto responde “a favor da saúde pública” e que, por isso, suas crenças pessoais “devem estar subordinadas a iniciativas ligadas à saúde pública e às políticas que podem garanti-la”. “Essa é a razão pela qual vou acompanhar este projeto com o meu voto”, observou ele.

Segundos depois de somar mais um voto a favor, outro deputado, desta vez do grupo dos indecisos, também anunciou sua definição. “Eu vou votar junto a maioria pela interrupção voluntária da gravidez. Eu aprecio que o respeito pela diversidade de opiniões e mudança seja um exercício e não um mero slogan”, disse o deputado Alejandro García, que até agora não tinha tomado uma posição.

Com este último voto positivo, a contagem apenas inclinou em um voto o saldo em favor da interrupção voluntária da gravidez. Depois das 10 horas da manhã, a intenção de votar era 121 a favor e 119 contra, com 14 deputados ainda não anunciando seu voto. Outras pesquisas, no entanto, marcaram uma diferença de um ou dois votos contra a legalização, de modo que até mesmo a definição dos indecisos será fundamental no resultado final.

De Mendiguren não foi o único deputado que mudou de posição depois do debate público em que participaram mais de 700 oradores. Ontem, o deputado de Mendoza, José Luis Ramón, retraiu seu voto em favor da lei e decidiu contra.

Foram 12 anos e 7 projetos anteriores o caminho para a descriminalização do aborto, realidade que estamos prestes a se concretizada.