Por José Carlos Almeida

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou hoje, durante a 28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP) em Dubai, o lançamento do Plano de Transformação Ecológica. Este plano representa um novo paradigma para o Brasil no cenário internacional, visando posicionar o país como líder na economia verde, desafiando antigos paradigmas de desenvolvimento.

Haddad destacou que o Plano é uma estratégia de engajamento diplomático que será sustentada por quase uma centena de iniciativas, a serem apresentadas até a COP 30 em Belém-PA. O objetivo é apresentar o Brasil como protagonista na promoção de uma globalização ambientalmente sustentável e socialmente inclusiva.

No discurso, realizado no mesmo dia em que o Brasil assumiu a presidência do G20, Haddad ressaltou que a transformação ecológica poderia gerar de 7,5 a 10 milhões de empregos em diversos setores, com ênfase em bioeconomia, agricultura e infraestrutura. Para concretizar essa visão, estudos indicam a necessidade de investimentos adicionais da ordem de US$ 130 a US$ 160 bilhões anuais ao longo da próxima década, principalmente em infraestrutura para adaptações, produção de energia, industrialização e mobilidade.

O ministro destacou a capacidade do Brasil em mobilizar investimentos e criar infraestruturas sustentáveis, citando a rede de hidrelétricas, o sistema elétrico unificado, a produção de etanol e o papel de empresas nacionais, como a Petrobras, na pesquisa e desenvolvimento de biocombustíveis.

Haddad apresentou medidas em implementação, como a criação de um mercado de carbono regulado, emissão de títulos soberanos sustentáveis, definição de uma taxonomia nacional focada na sustentabilidade e a revisão do Fundo Clima. Essas iniciativas buscam criar condições para uma nova onda de investimentos, concentrando tecnologias industriais, modernizando a ciência e qualificando a força de trabalho.

O ministro destacou avanços conquistados, como a redução de quase 50% no desmatamento na Amazônia, aprovação de Projetos de Lei sobre hidrogênio verde e energia eólica offshore, e a revisão da Contribuição Nacionalmente Determinada para uma redução de 53% nas emissões em relação a 2005.

Haddad enfatizou que o Plano de Transformação Ecológica é um processo evolutivo, adaptando-se aos desafios das mudanças climáticas. Durante a COP 28, comprometeu-se com a sustentabilidade ambiental, tornando o Plano o destaque da pauta brasileira. Após a conferência, o ministro se juntará à comitiva do presidente Lula na Alemanha, onde discutirão cooperação bilateral nas áreas econômica e climática, reforçando o papel do Brasil nas discussões ambientais globais. O retorno ao Brasil está previsto para 5 de dezembro, com participação na Cúpula do Mercosul no Rio de Janeiro.