Professor de arquitetura aponta que um “Green New Deal” responderia, simultaneamente, a várias agendas fundamentais para o Brasil do século 21

Em artigo na Folha, especialista sugere adoção de empreendimentos que levem em consideração realidade dos biomas (Ubirajara Machado/MDS)

 

Lula ainda nem tomou posse, mas já é destaque internacional, principalmente, pela aguardada participação na 27ª Conferência do Clima da ONU, que ocorre desde o domingo (6) no Egito. A propósito, a convite do próprio presidente, Abdul Fatah Khalil Al-Sisi.

Frente à esperança de ter o Brasil com presença marcante no centro dos debates mundiais, o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, Nabil Bonduki acredita que é chegada a hora do Brasil mostrar que “está empenhado em enfrentar a emergência climática em diferentes áreas, tanto na vertente ambiental como na social”. Isso porque Lula tem como principal desafio zerar o desmatamento da Amazônia, que atingiu níveis alarmantes sob a gestão de Bolsonaro.

Em artigo publicado na Folha de São Paulo, Nabil sugere que haja integração da política ambiental com a habitacional, dessa forma, segundo ele, o país poderia “enfrentar a desigualdade, garantindo direitos; promover a adaptação das cidades para enfrentar a emergência climática e contribuir para o crescimento da economia e a geração de empregos”.

A esperança de implementação de um Green New Deal vem com o compromisso de Lula em retomar um programa habitacional para a população de baixa renda, como o Minha Casa Minha Vida.

Ele sugere uma reformulação: “além de garantir o direito à moradia, que é a porta de entrada para vários outros direitos, e de gerar empregos, ele pode contribuir para a adaptação e a resiliência das cidades no enfrentamento da emergência climática”.

No seu entendimento, deveriam ser consideradas as especificidades de cada região e bioma. Por exemplo, “os financiamentos para novos projetos devem estar condicionados a inovações construtivas voltadas para descarbonizar a construção civil e implementar a racionalização e transição energética nas moradias, como a instalação de painéis fotovoltaicos para captar energia solar”, destaca.

Ao ampliar a parceria para os estados e municípios, o professor de arquitetura diz que o programa poderia implementar, de forma integrada, “ações como regularização fundiária, saneamento, infraestrutura, recuperação ambiental, mobilidade, eliminação de áreas de risco, implantação de áreas públicas e verdes, equipamentos sociais e assistência técnica para melhorias nas moradias”, aponta.

Um Green New Deal urbano responde, simultaneamente, a várias agendas fundamentais para o Brasil do século 21. Mas apenas pode se tornar realidade com a construção de uma nova governança que articule os três níveis de governo, o setor privado, os movimentos sociais, as universidades e o 3º setor na perspectiva da construção de projeto de desenvolvimento urbano sustentável.

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