Joaquim Leite, ministro do meio ambiente, acumula números piores que os de Salles.

Leite acumula números piores de incêndios florestais e de desmatamento que os do seu antecessor, Ricardo Salles. Foto: MMA/Flickr

Por Mauro Utida

O Ministério do Meio Ambiente continua “passando a boiada” em sua agenda antiambiental com o ministro Joaquim Leite, que completou um ano à frente da pasta no dia 23 de junho.

Conforme informações divulgados pela Folha de S. Paulo, nesta segunda-feira (4), Leite acumula números piores de incêndios florestais e de desmatamento que os do seu antecessor, Ricardo Salles, que foi flagrado em reunião ministerial sugerindo o momento para “passar a boaiada” e teve que pedir demissão do governo após ser alvo de investigação da Polícia Federal.

Com um ministro que eleva os dados negativos e a agenda destruição do antecessor, os incêndios na Amazônia e no Cerrado estão 20% maiores neste ano comparado ao mesmo período de 2021, conforme informações do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Em maio, a Amazônia brasileira teve o pior número de incêndios desde 2004, foram 2.287 focos e em junho os números aumentaram 11% em relação ao mês anterior.

O Programa Queimadas do INPE registrou um novo recorde histórico, com 2.562 focos de incêndio no bioma ao longo do mês. “É o maior número de queimadas em junho dos últimos 15 anos. Em 2007, o Inpe contabilizou 3.519 focos de queimada. De lá para cá, os valores ficaram abaixo de 2.000 focos nos meses de junho, até 2019”.

Ministro fantoche

(Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

“Enquanto lamentamos e nos desesperamos com estes números, imagina o quanto que Bolsonaro e seus aliados estão comemorando. É impressionante o descaso desta gestão com o meio ambiente e receio que a situação fique ainda pior com o início da estiagem e o final do mandato de Bolsonaro que irá partir para a política predatória do agora ou nunca”, alerta Márcio Santilli, sócio-fundador do Instituto Socioambiental (ISA).

Há um ano, Santilli escreveu para a Mídia NINJA sobre a troca de comando no Ministério do Meio Ambiente e agora não se surpreende com o processo de devastação que continua em uma crescente na pasta. “Ele (Joaquim Leite) não fez nenhuma diferença positiva ao quadro que vinha sendo desenvolvido por Salles. Ele só é um mero instrumento executador do Governo Federal, que possui um projeto intrinsecamente predatório”, afirmou o ativista.

Amazônia Legal

Incêndios no Pantanal (MT) Mato Grosso. Foto: Mayke Toscano/Secom

O desmatamento também vem batendo recordes na Amazônia Legal, no primeiro semestre do ano, o desmatamento totalizou uma área de 3.750 km², o pior registro semestral desde 2016, início da série do Sistema de Detecção do Desmatamento na Amazônia Legal em Tempo Real (Deter) do INPE, baseado em alertas diários.

Em abril, os alertas de desmatamento foram de 1.012,5 km² de floresta, primeira vez que um dos primeiros quatro meses do ano apresenta desmatamento que ultrapassa a casa de mil quilômetros quadrados.

Além do aumento dos números, o atual ministro também manteve normas assinadas por Salles e criticadas por ambientalistas, como a flexibilização de regras que deram margem à comercialização de madeira ilegal e a fragilização de órgãos como Ibama e ICMBio.

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