Por Paula Cunha

Dez de setembro é o dia do Combate à Gordofobia, mas qual o significado desse termo? “Gordofobia é um neologismo para o comportamento de pessoas que julgam alguém inferior, desprezível ou repugnante por ser gordo. Funciona como qualquer outro preconceito baseado numa característica única”, explica o psiquiatra Adriano Segal. A discriminação contra pessoas gordas ainda não é punida pela legislação brasileira, mas pode ser enquadrada por injúria e danos morais e a pessoa pode ser processada nas esferas criminal e cível.

Quem nunca se magoou com comentários gordofóbicos, feitos contra você ou contra outra pessoa? Se a gordofobia afeta toda a nossa sociedade, como deve ser viver esse preconceito dentro do esporte? Existe espaço para corpos não magros em práticas atreladas à saúde?

A meia maratonista Ellen Valias é símbolo da luta contra a gordofobia no esporte. Ellen tem quarenta e um anos e também é fundadora do Rachadão Basquete Feminino. Para participar as interessadas precisam aparecer na quadra no dia marcado( e divulgado pelo instagram) e dizer: ’’Eu sou a próxima’’. Quem não sabe jogar também é bem-vinda e pode ir aprendendo o jogo e pegando o jeito.

“Ser gordo é lutar para existir em lugares que não querem que você esteja”.

Ellen está terminando a faculdade de Educação Física e diz que um dos motivos que a fez procurar o curso foi que a maioria dos profissionais da área não sabe acolher pessoas gordas. Quem vai querer praticar um esporte se sentindo julgado pelo corpo o tempo todo? Precisamos que todos os tipos de corpos ocupem seus espaços porque se ver representado é um incentivo à prática.

 

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Maria Suelen Altherman é uma judoca brasileira, de trinta e quatro anos que se aposentou recentemente. Suelen competia na categoria acima de setenta e oito quilos e posou para J R Duran em 2021 declarando: ’’Adoro mostrar meu corpo, tenho orgulho dele. Ele me fez ganhar medalhas, tem corpo melhor que esse?’’ Suelen participou de três olimpíadas e agora vai treinar Beatriz Souza para buscar uma medalha para o Brasil em Paris 2024. A judoca de vinte e cinco anos conquistou a medalha de bronze no Mundial de Judô de Doha em 2023 na categoria acima de setenta e oito quilos.

 

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E como para ser atleta você precisa de determinação, e não magreza, Tuanny Barbosa é atleta paralímpica de arremesso de peso e vai participar do Pan Americano de 2023.Tuanny começou a carreira no judô (categoria acima de 78 quilos), mas sofreu um acidente durante uma competição em 2014 aos vinte e um anos. ‘’(Depois disso) Eu comecei a prestar um pouco mais de atenção no arremesso de peso (…) No judô, eu usava bastante a perna. Agora mudei para a cadeira e passei a usar mais o tronco. É o contrário do judô, tenho que empurrar bastante’’.

 

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Sabe o que essas atletas têm em comum? Elas têm corpos diversos e bonitos e fazem o melhor que podem com eles. Para denunciar gordofobia você pode discar 100 para o canal para denúncias de violação dos Direitos Humanos. Se preferir, você pode fazer uma denúncia online no site justica.sp.gov.br.

Com informações de BBC, G1, Estado de Minas, Hospital Oswaldo Cruz, O DIA e Olympics