Angelim Vermelho: maior árvore da Amazônia localizada na fronteira Amapá-Pará (Foto: Rafael Aleixo/Setec)

 

A Floresta Amazônica ostenta um verdadeiro santuário de árvores anciãs cuja história se entrelaça à dos povos originários e que é fonte de sobrevivência para comunidades extrativistas. Conheça curiosidades sobre algumas das mais populares e outras que só a Amazônia ostenta.

A mais alta (até agora!)

Na divisa entre o Pará e Amapá está a árvore mais alta da Amazônia. É um angelim vermelho de 88 metros, descoberto em 2019, dentro de uma reserva de conservação de uso sustentável. A árvore foi detectada em um estudo, que por monitoramento, tem mapeado as gigantes da floresta. Para se ter uma ideia, a altura média de árvores da Amazônia varia entre 40 e 50 metros. Como parâmetro de sua grandiosidade, o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, tem 38 metros. Elas são um verdadeiro monumento histórico, afinal, pesquisadores estimam que árvores como esta, podem ter mais de 500 anos de vida.

Nome científico: Dinizia excelsa

A árvore “que dá borracha”

(Foto: José Cruz/Agência Brasil)

É da seringueira que vem a borracha natural. O látex, um líquido espesso e branco que fica dentro de um tipo de célula que somente as seringueiras possuem no mundo vegetal: a célula laticífera. A seringueira é uma árvore originária da Amazônia, onde existia em abundância e com exclusividade, explorada aos moldes extrativistas. Mas curiosamente, desde os anos 90 o maior polo de produção fica em São Paulo. O clima seco do Noroeste Paulista é condição ideal para o plantio, pois evita a propagação da principal doença da seringueira, o mal-das-folhas, causado pelo fungo Microcyclus. No final do século XIX, o inglês Henry Wickham furtou milhares de sementes de seringueira, que foram plantadas em colônias da Inglaterra como Malásia, Cingapura e Ceilão, que hoje é conhecido como Sri-Lanka.

Nome científico: Hevea brasiliensis

Samaúma ou Sumaúma?

(Foto: Araquém Alcântara)

Os dois estão corretos. Mas pode chamar também de mafumeira. Considerada sagrada para os povos tradicionais da floresta, há uma lenda que diz que existe um portal na base da sumaúma – invisível aos olhos humanos não-iniciados – que conecta esta realidade com o universo espiritual. Seres mitológicos das matas entram e saem por esse portal. Ela pode viver mais de 120 anos e alcançar 70 metros de altura, o equivalente a um prédio de 24 andares. Outrora funcionava como o telefone da floresta. Golpeadas, suas enormes raízes ecoam por longas distâncias e por isso era usada como meio de comunicação entre os povos da floresta, com códigos elaborados como o morse.

Nome científico: Ceiba pentandra

Castanheira

(Foto: Mídia Ninja)

Medindo entre 30 e 50 metros, a castanheira precisa de um ambiente intocado para sua reprodução. Suas flores só são polinizadas por alguns tipos de insetos, que são atraídos por orquídeas que vivem perto das árvores de castanha. Se estes são mortos, as castanheiras não dão frutos. O fruto da castanha leva mais de um ano para amadurecer, é mais ou menos do tamanho de um coco e pode pesar 2kg. A casca é muito dura e abriga entre 8 e 24 sementes, que são as apreciadas castanhas. Caso não sejam devoradas por roedores, micos ou humanos, as sementes demoram de 12 a 18 meses para germinar. A cutia é o principal dispersor de sementes dessa espécie, já que é um dos poucos animais que consegue roer o ouriço e a casca, e, finalmente, comer a castanha-do-Brasil. Como são muitas castanhas num mesmo ouriço, a cutia enterra algumas para comer depois, e, geralmente, não volta para pegá-las. Com isso, quem ganha é a floresta, pois logo vai virar uma castanheira que pode viver até 500 anos.

Nome científico: Bertholletia excelsa

Andiroba

(Foto: Wagner Campelo)

De copa densa, pode atingir até 30 metros de altura e… cura tudo! O óleo de andiroba, extraído das sementes, é conhecido por sua utilização contra dores de garganta, e como repelente de insetos, entre outras propriedades medicinais comprovadas cientificamente pela medicina. A casca também é utilizada sobre feridas, servindo ainda como cicatrizante para afecções de pele. Nas indústrias, é usado como matéria-prima de produtos medicinais como unguentos, pomadas e repelentes, inclusive prescritos por médicos, e também é utilizado para produzir cosméticos como shampoo, sabonete e hidratante corporal.

Nome científico: Carapa guianensis

Semente de andiroba: fonte de renda para extrativistas (Foto: Instituto Mamirauá)