O ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante todo o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, General Augusto Heleno, foi convocado para prestar depoimento no inquérito que investiga um suposto esquema de espionagem clandestina dentro da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). A intimação foi realizada pela Polícia Federal (PF).

O inquérito, conduzido por uma equipe especializada da PF, apura alegações de que o então diretor da Abin, Alexandre Ramagem, teria coordenado atividades de espionagem ilegal a mando do general Heleno. Na época dos supostos eventos, a Abin estava subordinada à pasta chefiada pelo general.

O depoimento do General Heleno está marcado para a próxima terça-feira, 6 de fevereiro, na sede da Polícia Federal, em Brasília. A investigação busca esclarecer se o General tinha conhecimento das atividades ilícitas conduzidas por Ramagem na Abin e quem eram os destinatários dos produtos e relatórios produzidos durante esse período.

Fontes da Polícia Federal afirmam que existem indícios, ainda em sigilo, que apontam para a possibilidade de que o General Heleno tinha ciência e incentivava as ações ilegais de espionagem atribuídas a Ramagem.

Esta investigação é uma continuação da operação realizada na quinta-feira passada (25), quando Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, foi alvo de buscas. Na ocasião, foram apreendidos seis celulares e dois notebooks, incluindo um pertencente à Abin. Os mandados foram expedidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

De acordo com a investigação, Ramagem teria utilizado a Abin para realizar espionagem ilegal em benefício da família do ex-presidente Jair Bolsonaro. Entre os alvos estavam autoridades como o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, que anunciou a intenção de solicitar ao STF a lista de parlamentares monitorados pela Abin.

Também foram alvos uma promotora do Ministério Público do Rio de Janeiro que investigava milícias, incluindo Adriano da Nóbrega, homenageado por Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, além das mortes de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.

*Com informações do G1