Foto: Observatório do Clima

Um dos paraísos naturais mais belos do Brasil, as águas do rio Tapajós, em Alter do Chão, no Pará, estão ficando contaminadas. É o que aponta um laudo da Polícia Federal (PF), que investiga a ação de garimpo ilegal no local. A mudança é visível. Quem frequenta o ponto turístico, que muito consideram como “caribe amazônico”, está vendo as águas do Tapajós mudar de cor drasticamente. Os dados são de reportagem de Wellington Hanna e Vladimir Netto para a Globo.

O laudo faz parte do inquérito que apura a mudança de coloração da água do Rio Tapajós, entre os municípios de Santarém e Itaituba. Os investigadores compraram imagens de satélite registradas entre julho de 2021 e janeiro de 2022. O material, segundo os peritos, mostra um “aumento drástico” na quantidade de sedimento nas águas que, para eles, aconteceu principalmente por causa do desmatamento nas margens dos rios Jurema e São Manuel, afluentes do Tapajós.

A estimativa da PF é que os garimpeiros tenham despejado cerca de 7 milhões de toneladas de rejeitos no Tapajós. A polícia ainda não analisou a qualidade da água, mas os investigadores alertam para o risco da presença de produtos químicos no rio, como mercúrio e cianeto, que geralmente são usados por garimpeiros no processo de extração de minérios.

Na segunda-feira passada (14/02), a operação Caribe Amazônica esteve na Terra Indígena Munduruku, no Pará, apreendendo materiais e destruindo maquinários, em um valor estimado em quase 10 milhões de reais, que eram usados no garimpo ilegal no rio Tapajós.

Por este motivo, na madrugada de quarta-feira (16), um grupo de garimpeiros se reuniu em frente ao Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) de Itaituba para protestar contra a fiscalização ambiental, bloqueando acesso ao local. Os garimpeiros enviaram áudios via WhatsApp convocando outros mineradores e empresários a se juntarem a eles para protestar contra as ações de repressão ao crime que cometem. Agentes da Força Nacional de Segurança Pública foram acionados, e houve também registro de pontes de madeira queimadas na cidade.

No Palácio do Planalto, neste mesmo período, o governo Bolsonaro ainda lançou um programa para estimular a “mineração artesanal em pequena escala” na Amazônia. O garimpo é a forma de mineração principal na Amazônia, e se difere da mineração industrial por não usar máquinas, porém degrada áreas maiores dos biomas onde ocorre. As atividades que o governo de Bolsonaro quer estimular podem ocupar até 50 hectares, ou seja, 500 mil metros quadrados.

O novo projeto de destruição de Bolsonaro ficará sob responsabilidade das seguintes pastas: Ministério de Minas e Energia, Casa Civil da Presidência da República, Ministério da Cidadania, Ministério da Justiça e da Segurança Pública, Ministério do Meio Ambiente e Ministério da Saúde.