A Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, uma das principais bandeiras da presidência brasileira no G20, está ganhando contornos definidos, especialmente no que diz respeito ao financiamento.

O programa é dividido em três linhas. A primeira propõe a criação de um fundo anual de US$ 79 bilhões (equivalente a R$ 393,48 bilhões), uma projeção baseada em dados do Banco Mundial que delineia a necessidade de um esforço substancial nessa área. A segunda linha contempla a utilização de instrumentos como a troca de dívidas por investimentos, conhecida como “debt swap”, enquanto a terceira se concentra em melhorar as condições de acesso a créditos e financiamentos.

Essas propostas agora seguirão para avaliação da Trilha de Finanças e da Trilha de Sherpas do G20, responsáveis pelos debates econômicos e pelos emissários pessoais dos líderes dos países membros, respectivamente. Com a participação de 54 delegações, além de fóruns e organismos internacionais, as reuniões do grupo de trabalho sobre o assunto foram marcadas por intensos debates e análises criteriosas.

Para angariar recursos para o fundo proposto, o Brasil está considerando alternativas como contribuições de países mais ricos e uma possível taxação global dos países com mais recursos.

Além disso, o Brasil busca também aportes privados para fortalecer o fundo. Liderando as discussões sobre a Aliança Global, o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Wellington Dias, destacou a importância de abrir um diálogo amplo para atrair não apenas recursos estatais, mas também investimentos privados, citando como exemplo os fundos destinados ao combate das mudanças climáticas.

“O Brasil quer abrir esse diálogo. Na área ambiental já é assim: alguns países colocam dinheiro no fundo do clima, mas também tem empresas que colocam recursos. A gente vai ter que acertar como se dialoga com esses credores, empresários que têm investimentos em vários países, por exemplo”, afirmou Wellington Dias.

Outro ponto de destaque nas discussões é a reforma da governança global, que inclui mudanças no Fundo Monetário Internacional (FMI) e no Banco Mundial, visando financiar países mais pobres com taxas de juros mais acessíveis e menos contrapartidas.