Por Victor Amorim. 

Justine Triet é a terceira mulher na história a ganhar a Palma de Ouro em Cannes com ‘Anatomia de uma Queda’. Com grande destaque internacional e apoio de renomados festivais, desde então, a diretora e sua obra têm acumulado indicações e prêmios. Recebeu quatro indicações para o prêmio britânico BAFTA Film Awards 2024 e conquistou duas estatuetas no Globo de Ouro, nas categorias de ‘Melhor Filme em Língua Não-Inglesa’ e ‘Melhor Roteiro’. 

Diante desse reconhecimento, o que explicaria a decisão da Comissão Francesa do Oscar de não selecionar o filme como representante francês para o prêmio de Melhor Filme Internacional?

Quando subiu ao palco para receber a Palma de Ouro, Justine Triet criticou o governo de Emmanuel Macron e expressou apoio aos protestos que tomavam as ruas do país contra a reforma previdenciária, proveniente do Palácio do Eliseu, sede do governo francês. Além disso, ela condenou a “mercantilização da cultura”. Suas declarações foram fortemente rebatidas pela ministra da Cultura francesa, Rima Abdul Malak.

Após essas críticas públicas, o Centro Nacional do Cinema (CNC), órgão vinculado ao Ministério da Cultura Francês e composto por sete pessoas indicadas também pelo ministério, responsável pela seleção ao Oscar, anunciou “La Passion”, de Dodin Bouffant, como representante do país para a premiação.

Críticos e políticos que não fazem parte da base aliada do governo sugeriram que tal escolha foi uma represália ao discurso de Justine Triet. No entanto, tal especulação foi prontamente negada pelo CNC.

Embora não concorra na categoria de Melhor Filme Internacional, “Anatomia de uma Queda” compete na categoria de Melhor Filme, uma das mais cobiçadas da noite, além de estar indicado em outras quatro categorias, tornando a decisão do CNC, no mínimo, controversa e suscetível a especulações.

Texto produzido em cobertura colaborativa da Cine NINJA – Especial Oscar 2024