Diversos blocos de carnaval de Belo Horizonte estão se mobilizando contra o que chamam de arbitrariedades e apropriação política por parte do governo estadual de Romeu Zema. Em um manifesto intitulado “Por um Carnaval Plural e com Fomento pra Geral”, já assinado por 34 blocos, os organizadores denunciam práticas que vão desde o incentivo à violência policial até o uso questionável dos recursos da Lei de Incentivo à Cultura.

O grupo, composto por blocos tradicionais da cidade, como Mama na Vaca, Magnólia, Corte Devassa, Unidos do Barro Preto, Transborda e Masterplano, aponta diversas irregularidades cometidas pelo governo estadual. Entre as principais queixas estão o suposto estímulo à violência policial durante as festividades, o uso eleitoreiro dos recursos da lei de incentivo e a falta de transparência nos processos de destinação de verbas.

Jana Macruz, uma das idealizadoras do Bloco do Manjericão, destacou a importância de investimentos no carnaval, mas ressaltou a preocupação com a possibilidade de privatização da festa e a falta de diversidade nos investimentos. “O perigo de deixarmos de ter uma festa democrática e plural, tendo apenas investimento no carnaval dos trios e dos cordões em BH, é real”, afirmou.

Outra questão levantada pelo grupo é o posicionamento do vice-governador Mateus Simões, que, segundo eles, deu aval para uma atuação agressiva da polícia militar no carnaval. Rafa Barros, integrante do Filhos de Tcha Tcha, afirmou: “O vice-governador incentivando a PM a jogar spray de pimenta nos foliões é um absurdo! Não demora vamos voltar a viver a perseguição à liberdade e à espontaneidade da festa pelos agentes públicos!”

O manifesto será encaminhado ao Ministério Público Estadual e à Defensoria Pública, solicitando a investigação das irregularidades mencionadas. O Governo do Estado e a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte também serão notificados.

Os blocos exigem, entre outras medidas, a distribuição transparente dos recursos públicos destinados ao carnaval, a apuração de possíveis irregularidades na utilização da Lei de Incentivo à Cultura e o estabelecimento de canais efetivos de diálogo entre os poderes públicos e a sociedade civil para definir as diretrizes do carnaval de Belo Horizonte.