Foto: Mídia NINJA

“Seringueiros, extrativistas e indígenas há muito tempo estão junto em defesa do meio ambiente. Estamos aqui pra chamar atenção do mundo”

Herdeiros de uma geração pioneira na luta pela terra, lideranças indígenas e extrativistas se reuniram em Brasília (DF), nesta quarta-feira (11), na Sessão Solene de comemoração de 30 anos da Reserva Extrativista Chico Mendes para selar uma aliança que já faz história há décadas. Durante o encontro, os ativistas Ângela Mendes e Kretã Kaingang, filhos de Chico Mendes e Cacique Angelo Kretã, ressignificam a luta dos pais para enfrentar, juntos, um novo ciclo de luta pela terra e defesa do meio ambiente.

Seringueiro e ambientalista, Chico Mendes se tornou ícone da luta pela preservação da Amazônia, sendo assassinado em 1988 a mando de grandes fazendeiros da região. No Sul do país, Cacique Angelo Kretã deu início a uma jornada vitoriosa de demarcação de terras e foi o primeiro indígena no Brasil a ter cargo político como vereador, em 1976, período em que o país vivia a ditadura militar.

“Deixou o legado para todo o Brasil. Não só um legado de luta em defesa e retomada do nosso território, mas um legado de autonomia política. Nos mostrou a importância de exercer nosso papel não só através do voto, mas também como parlamentares”, declarou Kretã kaingang, que é coordenador executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e representante da Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpin-Sul).

Para Ângela, presidente do comitê Chico Mendes e liderança ambiental no Acre e em todo o Brasil, as lutas extrativista e indígena sempre tiveram muito incomum.

“Seringueiros, extrativistas e indígenas há muito tempo estão juntos em defesa do meio ambiente. Não à toa, hoje estamos retomando a unificação dessas lutas para fazer o enfrentamento a todas essas políticas que nos ameaçam e convocar a sociedade para resistir com a gente”.

A ativista também lembrou que não é de hoje que a história de famílias como a dela e de Kretã se cruzam. “Meu pai também foi eleito para a Câmara dos Vereadores no final da década de 1970 e era uma das poucas vozes em defesa do meio ambiente. Nessa resistência e luta pelo território, junto aos indígenas eles pensaram na união dos povos da floresta em um cenário que é muito parecido com o que a gente está vivendo hoje”, ressaltou.

As lideranças ressaltaram a importância do trabalho de guardiões que indígenas e extrativistas realizam não só para quem vive na floresta, mas para todos que se beneficiam dela. “Estamos aqui pra chamar atenção do mundo”, finalizou a Ângela.