Foto: Reprodução / Redes Sociais

“Tortura”, “asfixia mecânica”, “pressão psicológica” foram algumas denúncias identificadas em cartazes durante protestos de famílias contra escola infantil que atende crianças de 0 a 5 anos em São Paulo. O protesto foi feito em frente à Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica, na Vila Formosa, zona leste da capital. Desde a divulgação de vídeos que mostram bebês, dentro do banheiro, amarrados em lençóis como se fossem camisas de força, a unidade tornou-se alvo de investigação da Polícia Civil.

Agentes da polícia foram até a escola e confirmaram a veracidade do vídeo, ainda que não pudessem informar se as cenas foram forjadas. A Polícia Civil investiga crimes de maus-tratos, periclitação de vida – colocar a saúde das crianças em risco – e submissão delas a vexame ou constrangimento. Os policiais apreenderam os lençóis e o celular da diretora para investigação. A Secretaria Municipal de Educação também apura o caso, conforme informou a prefeitura. A Secretaria Municipal de Direitos Humanos acionou a Ouvidoria, que deve comunicar o Conselho Tutelar.

Uma reportagem de Ana Paula Bimbati, do UOL, ouviu duas mães de alunos, uma professora, uma ex-auxiliar de classe e vizinhos da escola. Eles afirmam que a situação se repete há anos. Uma das mães recebeu as imagens das crianças presas no banheiro por mensagem no Whatsapp e foi à delegacia prestar queixa. No mesmo dia, a diretora da escola marcou uma reunião urgente. Ela afirmou que uma ex-funcionária havia feito a denúncia à polícia.

“Depois que fui embora, recebi vídeo do meu filho amarrado e fui para a delegacia”, disse a mãe. “A gente quer que a escola pague por tudo isso, que seja feita justiça. É traumático para nós e para nossos filhos”. Outros relatam contam que as famílias já achavam estranhas algumas atitudes da diretoria da escola e eles não tinham contato direto com professores e funcionários.

Imagens de bebês dentro do banheiro e presos com lençois no bebê-conforto foram divulgados nas redes

A escola, que funciona sob direção de duas mulheres, afirmou em nota que as cenas que circulam nas redes foram forjadas. “As imagens foram feitas dentro da escola, mas em momento algum por ordem e nem aprovação ou conhecimento da direção. Os representantes da escola foram surpreendidos e ressaltam que tratam-se de imagens feitas sem a anuência, sem consentimento e desconhecidas da pratica escolar”.

A direção afirma que suspendeu temporariamente as atividades da escola após ameaças contra representantes da unidade. Disseram ainda que as entrevistas que foram concedidas à imprensa foram feitas por pessoas desconhecidas do núcleo escolar. “A escola foi ‘condenada’, antes das averiguações policiais e das investigações cabíveis. Sem uma comprovação confiável está sendo acusada cruelmente e injustamente”. A nota completa está ao final do texto.

Outras denúncias

Segundo reportagem do G1, a prefeitura confirmou que a escola Colmeia Mágica funcionou 16 anos de forma irregular. A Secretaria Municipal de Educação (SME) deu autorização para o funcionamento somente em 2016. A escola está aberta há 22 anos.

Esta também não é a primeira vez que a escola é envolvida em denúncias de maus-tratos. Em 2010, uma bebê de três meses morreu no berçário da unidade, e, em 2014, uma mãe acusou a diretora de agredir seu filho de dois anos.

Morta em 2010, o bebê foi levado ao hospital pela diretora da escola quando foi notada a falta de ar. Contudo, ela chegou à unidade hospitalar sem vida. A polícia chegou a investigar o caso como “crime suspeito”, mas ele foi arquivado por “falta de provas”. A mãe afirma que o laudo necroscópico apontava a causa da morte foi “asfixia mecânica por agente físico”. O Ministério Público (MP), contudo, o laudo concluiu que ela morreu por “asfixia por broncoaspiração”.

Em nota, a diretoria da escola afirmou que a causa da morte foi “síndrome da morte súbita do lactente (SMSL)”, quando o bebê morre sem causa aparente.

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Nota da escola

“A Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica foi surpreendida com denúncias e divulgação em vídeo de maus-tratos a bebês. Há 22 anos a instituição trabalha com educação, sempre em parceria e comunicação com as famílias. Ao longo dessa jornada, a escola formou inúmeras crianças e com muito orgulho fez incontáveis amigos.

Na Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica os nossos alunos sempre tiveram pleno desenvolvimento social e cognitivo, com toda a atenção e cuidado, prezando sempre pelo bem-estar social em um ambiente saudável e construtivo.

A escola, administrada e gerida por, ROBERTA e FERNANDA, que também são mães, compreendem a aflição dos familiares que tiveram as suas vidas e a de seus filhos expostas a essa situação que ressaltamos ser forjada para prejudicar a instituição.

A Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica, assim que tomou ciência do vídeo, enviou um comunicado para todas as famílias. Com total transparência marcou uma reunião com os familiares a fim de esclarecer que as imagens foram feitas dentro da escola, mas em momento algum por ordem e nem aprovação ou conhecimento da direção.

Os representantes da escola foram surpreendidos e ressaltam que tratam-se de imagens feitas sem a anuência, sem consentimento e desconhecidas da pratica escolar. Na mesma reunião foi informado que essa irracionalidade de imagens feitas e divulgadas, nunca, em hipótese alguma, fez parte do dia-adia da instituição. São imagens forjadas que não condizem com a ética, confiabilidade e dedicação ao trabalho que realizam ao longo de mais de duas décadas.

Informamos, que em entrevistas concedidas à imprensa, existem pessoas desconhecidas do núcleo escolar. Além disso, pessoas ouvidas em reportagens, mães de poucos ex-alunos formados na escola, que no passado próximo possuem históricos de elogios e gratidão por parte dos serviços prestados tanto a criança como a família.

Também foi divulgada, nos meios de comunicação, a investigação arquivada sobre o falecimento de uma bebê nas dependências da escola. Esclarecemos que isso não é verídico. Sobre essa triste perda, em 2010, ressaltamos que a criança teve um mal subido em seu primeiro dia de aula, foi socorrida imediatamente para um pronto atendimento de referência da capital e infelizmente veio a falecer no hospital. À época a causa da morte foi “síndrome da morte súbita do lactente (SMSL)”, quando o bebê morre sem causa aparente, foi prestada assistência e apoio em todo momento aos familiares e cooperação nas investigações e o caso foi arquivado.

Informamos que, por medida de segurança, por seus representantes estarem recebendo ameaças de morte a todo instante, a Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica ME suspendeu as atividades temporariamente. Como família, porque é assim que a escola estabelece a relação com seus alunos e familiares, está em colaboração total com as investigações. Mais do que ninguém a instituição quer saber o propósito dessas acusações incabíveis, inverídicas e aterrorizantes em que foram expostas.

A escola foi “condenada”, antes das averiguações policiais e das investigações cabíveis. Sem uma comprovação confiável está sendo acusada cruelmente e injustamente. A Escola de Educação Infantil Colmeia Mágica acredita, sobretudo, na justiça dos homens e fielmente na justiça de Deus. Até lá está à disposição para cooperar com todos os tramites judiciais para que seja esclarecido, na verdade absoluta, esse caso sem precedentes, que choca profundamente seus representantes, familiares e sociedade”.