Manaus é uma das cidades mais impactadas pelo novocoronavírus. O sistema de saúde de da capital do Amazonas entrou em colapso e, com a explosão no número de mortos, o sistema funerário segue o mesmo caminho. As mortes aumentaram 300% nas últimas semanas e são realizados cerca de 150 sepultamentos por dia.

Em meio a tristeza e revolta, familiares estão abrindo caixões lacrados à beira de covas coletivas para ter certeza de que estão enterrando seus parentes, segundo reportagem do Yahoo, publicada nessa quarta-feira (29).

“O cheiro vinha dos sete caixões enfileirados lado a lado aguardando a vez de irem para a vala comum aberta poucas horas antes. Ganhava mais intensidade quando um parente decidia por conta própria abrir as urnas funerárias para checar se o corpo que estava prestes a sepultar era mesmo do seu familiar”, diz a jornalista.

Durante a pandemia de coronavírus, os corpos em Manaus têm sido armazenados em câmaras frigoríficas nos hospitais, unidades de saúde e até no próprio cemitério. Em muitos casos, não é possível manter temperatura adequada e, por isso, os corpos entram em decomposição.

A cena tem sido constante nos enterros coletivos em vala comum. Embora não seja permitido, funcionários contaram que preferem não impedir. “Depois do que aconteceu o pessoal quer ter certeza de que está enterrando a pessoa certa”, disse um deles.

A quantidade de mortes por síndromes respiratórias e causas indeterminadas registradas durante a pandemia do novo coronavírus no Amazonas aponta que o número de pessoas que morreu por Covid-19 pode ser sete vezes maior do que o divulgado oficialmente. Entre os dias 21 e 28 de abril, o governo divulgou que ocorreram 118 óbitos em decorrência do novo coronavírus em Manaus, sendo que, neste mesmo período, 262 pessoas foram enterradas por causa indeterminada nos cemitérios públicos da capital.

Segundo a Prefeitura, dos 988 sepultamentos nos últimos sete dias, apenas 77 foram de casos confirmados de Covid-19. Além disso, 395 foram registrados por suspeita de Covid-19 ou síndromes respiratórias (como insuficiência respiratória e pneumonia), que podem ter sido provocadas pelo novo coronavírus.