A estudante Vitória Sant’Anna, acadêmica de Pedagogia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, teve duas publicações excluídas e seu perfil bloqueado no Facebook por 24 horas sob a acusação de não seguir os “padrões de comunidade” da rede social. A violação: divulgar uma campanha de arrecadação para oportunizar uma sessão de cinema 3D do filme Pantera Negra a crianças e jovens negros da capital gaúcha.
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A publicação contava com mais de 800 compartilhamentos quando Vitória foi surpreendida com a notificação do Facebook, que se seguiu a uma invasão de comentários racistas e denúncias. “Recebi comentários me acusando de racismo por querer levar crianças negras ao cinema. Minha estratégia era apagar e bloquear pessoas para não desvirtuar a campanha. Não queria causar esse desgaste, acho desnecessário esse tipo de discussão. Entrei no perfil de alguns e muitos eram fãs de Bolsonaro e tinham boas condições financeiras”, diz.
Uma segunda publicação, denunciando a censura e reafirmando a continuidade da campanha, também foi removida. Na sequência, seu perfil foi impedido de fazer qualquer publicação por 24 horas. “Criar uma campanha para levar crianças negras ao cinema é uma afronta para a sociedade branca, racista e escravocrata que não consegue imaginar a possibilidade de nos fortalecermos”, escreve Vitória, que também dá aulas a adolescentes da Vila Cruzeiro, outra comunidade afetada pela violência urbana.
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Com mais de 90% do elenco composto por personagens negros e negras, o longa é um raro desvio à norma da indústria cinematográfica, saturada por heróis brancos. Com a iniciativa, as organizadoras pretendem valorizar a autoestima e oferecer uma perspectiva de empoderamento a crianças e adolescentes acostumados a se verem retratados como coadjuvantes.
Apesar do absurdo boicote da rede social, a campanha já arrecadou o suficiente para garantir transporte, ingresso, pipoca e um copo de refrigerante para cerca de 100 jovens e crianças. “Podemos chegar a 150 ou 200, dependendo do valor arrecadado”, relata Vitória.
A campanha continua recebendo doações até esta quinta-feira, 22, quando as organizadoras se reunirão para contabilizar os valores recebidos. Cada ingresso de meia-entrada custa R$ 14.
Para ajudar, faça um depósito em uma das três contas disponibilizadas pelo grupo:
Banco do Brasil
Agência 18996
Conta 52120-5
CPF 03716950076
Banrisul
Agência 0100
Conta Corrente – 063935040-1
CNPJ 08053055000171
Caixa
Agência 0432 C
Conta 001 00020896-2
CPF 421485960 04