Foto: Daniel Garzon Herazo/NurPhoto via Getty Images)

A sensação de quem está acompanhando os últimos acontecimentos das eleições presidenciais colombianas é de que “já vimos esse filme”.

Com forte discurso populista anticorrupção e “antissistema” Hernandez construiu seu percurso até o segundo turno, onde enfrentará o candidato de esquerda Gustavo Petro, ex-prefeito de Bogotá, no dia 19 de junho.

Apesar de aparecer como “novidade”, Hernandez é um perfil bastante conhecido no continente e no mundo. Milionário de 77 anos, é famoso por seus discursos contra corrupção, ao mesmo tempo que é investigado por corrupção. Pintado como candidato antissistema, Hernandez coleciona declarações misóginas, racistas e xenófobas, muito familiares aos discursos da extrema direita global.

“As pessoas não gostam de mulheres envolvidas no governo”, afirmou Hernandez sobre a participação das mulheres na política.

Em outra ocasião disse que os imigrantes venezuelanos na Colômbia se tornaram “fábricas para fazer crianças pobres”.

Em um caso mais polêmico, chegou a se declarar admirador de Hitler:

“Sou um seguidor de um grande pensador alemão que se chama Adolfo Hitler”

Mais tarde, Hernandez se desculpou dizendo que havia se confundido e que na verdade estava se referindo a Albert Einstein.

É possível seguir listando inúmeras declarações polêmicas e controversas do candidato da direita, que apesar de ser apontado como um candidato da mudança, possui laços de amizade com o ex-presidente Álvaro Uribe, de quem deve receber apoio na corrida presidencial.

Hernández é mais um desses “fenômenos políticos” que se aproveitam do discurso anticorrupção para dialogar diretamente com população cansada da política tradicional. Estamos assistindo cenas de um filme que se repete no Continente. A Colômbia agora tem o desafio de apresentar uma solução para escapar do destino que os Estados Unidos e o Brasil viveram, na história recente, e tanto se arrependem.

Esquerda lidera eleições na Colômbia e enfrentará candidato populista no segundo turno

Primeiro turno

Em uma eleição histórica, Gustavo Petro e Francia Marquez lideram a corrida para serem os novos presidente e vice da Colômbia!

A coalizão de esquerda Pacto Histórico com Petro – Francia computou 40,31% dos votos contra 28,19% de Rodolfo Hernández, com quase 99% das urnas apuradas. As votações do segundo turno serão dia 19 de junho.

Se eleitos, Petro e Francia representarão o primeiro governo de esquerda do país, que passa por uma verdadeira revolução nos últimos anos, sendo 2021 o marco da maior greve geral de toda sua história onde movimentos sociais, estudantes, sindicatos e organizações populares tomaram as ruas do país exigindo o fim da repressão do estado e mais direitos sociais.

Em março de 2022, as eleições parlamentares também registraram o salto da esquerda no país, elegendo um novo parlamento com maioria do campo progressista. A expectativa é de vitória também no executivo.

Apesar de liderar as pesquisas desde o início da campanha, o clima não era de tranquilidade para os postulantes. Petro e Francia denunciaram as ameaças que receberam e até um suposto plano de atentado contra a vida do candidato.

Durante um dos discursos que realizava, Francia apareceu com a luz de um laser verde em seu rosto e, diante dos perigos apresentados, sua equipe de segurança a retirou do palco para que o evento continuasse em segurança.