“Um por aluno”. Professor de extrema-direita é investigado por carimbar estudantes para impedir a repetição da merenda

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Texto de Kaio Duarte Costa para os Estudantes NINJA

Alunos do Centro Educacional 3 (CED) em Planaltina, no Distrito Federal, afirmaram que foram carimbados nas mãos para impedir a repetição da merenda escolar.

O diretor do CED 3, Ronaldo Victor dos Santos, foi pego de surpresa pela situação após receber uma reclamação na ouvidoria educacional. “O fato aconteceu na sexta-feira passada e na segunda-feira, quando eu cheguei, recebi uma [reclamação] na Ouvidoria. Quando fiz levantamento, o professor disse que tinha feito e eu falei ‘rapaz, não faça mais isso’”, disse Ronaldo ao G1 DF.

A Secretaria de Estado de Educação do DF (SEEDF) foi notificada sobre a situação, que classificou como um “episódio lamentável”, afirmando verificar a situação e tomar as medidas necessárias. Segundo o órgão, o CED 3 oferece um cardápio balanceado e nutritivo para os alunos, havendo merenda suficiente para todos. “A criança precisa receber uma alimentação saudável e nós temos prezado por ofertar uma alimentação de excelência para os estudantes. Não aceitamos qualquer constrangimento a alunos da rede pública de ensino”, informou.

De acordo com informações da TV Globo, os estudantes disseram que, caso negassem o carimbo, eles eram impedidos de receber o alimento e que não havia comida para todos. Já outros alunos contaram que a prática vem ocorrendo há duas semanas.

Saimon Freitas Cajado Lima é o docente responsável, segundo apuração interna da Secretaria de Educação, por criar o mecanismo de carimbo no braço de alunos do Centro Educacional (CED) 03 de Planaltina. O professor, com graduação em estudos sociais e habilitação em Geografia, é atuante nas redes sociais, demonstrando um posicionamento de extrema-direita, posando frequentemente enrolado em bandeiras do Brasil e próximo a aparatos de guerra, como tanques e metralhadoras.

Na sexta-feira (09), o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), repudiou o caso. “Pedi providências imediatas para a Secretaria de Educação para resolver esse absurdo, que não pode acontecer em nenhuma escola. É inadmissível”, afirmou o governador no Twitter.

A secretária de Educação do Distrito Federal, Hélvia Paranaguá, disse ao Metrópoles DF que uma equipe da pasta foi até a escola e apurou as informações sobre o caso. “Então esse professor teve a ideia de carimbar os meninos porque, como a escola é muito grande, a fila para a merenda é grande e alguns começaram a furar a fila. Então, quem já tinha almoçado queria repetir, enquanto outras crianças ainda não tinham comido. Por isso, ele decidiu carimbar os alunos. Mesmo tendo coordenador e supervisor pedagógico, ninguém impediu que ele fizesse isso. As pessoas devem ter achado natural, o que para mim é um absurdo”, contou a secretária.

O diretor Ronaldo Victor afirma que “todo mundo lanchou” e que o docente não deveria ser punido. “O professor, para tentar ajudar os alunos, para que alguns alunos não ficassem sem comida, pegou o carimbo, começou a carimbar a mão deles, mas com o intuito de ajudar. Todo mundo lanchou e, quando acabou, todo mundo repetiu à vontade”, esclarece o diretor.

O relatório será enviado à corregedoria, que fará a investigação do caso, verificando possíveis abusos da gestão da escola.