Os Estados Unidos mudaram o tom e agora devem propor no Conselho de Segurança da ONU uma resolução que pede o cessar-fogo imediato dos bombardeios israelenses no território palestino. A administração de Joe Biden foi responsável por vetar todas as resoluções que pediam um cessar-fogo imediato desde outubro do ano passado. A informação foi publicada pela Agência de Notícias Reuters.

É a primeira vez que o Conselho de Segurança pode por um fim, ainda que temporário, de acordo com a resolução atual dos Estados Unidos, ao massacre em curso do povo palestino, que supera 30 mil mortes, sendo a maioria de crianças e mulheres. A mudança de postura dos EUA se alinha às críticas que vêm sendo feitas por outros líderes. Nos últimos dias, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva criticou duramente a ofensiva e comparou a campanha militar liderada por Benjamin Netanyahu contra os palestinos com o genocídio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial.

“Sabe, o que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, afirmou o presidente Lula antes de deixar a Etiópia, país onde ele participou da 37ª Cúpula da União Africana. O assunto é um dos três mais comentados do mundo desde o domingo.

Os Estados Unidos têm poder de veto no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Netanyahu pretende realizar uma invasão terrestre dias antes do Ramadã, período religioso sagrado para mulçumanos, no último refúgio dos palestinos em Gaza, a cidade de Rafah.

De acordo com o texto do rascunho, uma ofensiva terrestre significativa em Rafah não apenas colocaria em perigo civis, mas também teria sérias implicações para a paz e a segurança regionais. Portanto, a resolução destaca a necessidade de se abster de tais ações nas circunstâncias atuais.

No entanto, permanece incerto se e quando a resolução do rascunho será submetida a votação no Conselho de Segurança. Qualquer resolução requer pelo menos nove votos a favor e nenhum veto dos membros permanentes, incluindo Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia ou China, para ser adotada.

Além disso, a resolução do rascunho dos EUA condena os apelos de alguns ministros do governo israelense para que os colonos judeus se mudem para Gaza e rejeita qualquer tentativa de mudanças demográficas ou territoriais em Gaza que violem o direito internacional. Também se opõe a ações que reduzam o território de Gaza ou levem à demolição sistemática da infraestrutura civil. O Tribunal Internacional de Justiça está neste momento julgando estas mesmas questões, e já formou maioria para barrar as intenções de Netanyahu em ampliar o conflito.