O Governo dos Estados Unidos afirmou que 25 mil mulheres e crianças palestinas foram assassinadas pelo exército de Israel desde o início dos bombardeios na faixa de Gaza, em outubro de 2023. A afirmação foi feita pelo secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, durante uma audiência no Congresso dos Estados Unidos nesta quinta-feira (29).

Os Estados Unidos afirmam estar atuando para um cessar-fogo na próxima segunda-feira, de acordo com o presidente Joe Biden. O país é o principal aliado histórico de Israel, e começa a mudar o tom em demonstrações públicas de apoio, desde que ficou evidente que os ataques liderados pelo líder de extrema-direita Benjamin Netanyahu devastou 80% do território palestino, e que agora está impedindo entrada de ajuda humanitária em Rafah.

Até agora, os Estados Unidos vetou todas as resoluções do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.

Hoje (29), um bombardeio de drones israelenses matou mais de 100 palestinos que buscavam comida enviada por agências de ajuda humanitária. Em meio a esse cenário, a ONU convocou uma reunião de emergência em Genebra, na Suíça, para discutir a crise humanitária em Gaza. Durante a reunião, foi revelado que mais de 17 mil crianças estão agora órfãs ou foram separadas de seus responsáveis devido aos bombardeios e ataques que assolam a região.

O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, descreveu a situação como “horrorosa”, enfatizando a necessidade urgente de um cessar-fogo. Turk apontou que mais de 100 mil pessoas foram mortas ou feridas desde outubro, com uma em cada 20 crianças, mulheres e homens afetados.

“Chegou a hora – e já passou da hora – da paz, investigação e responsabilização”, afirmou Turk, destacando a necessidade de todos os envolvidos serem responsabilizados por violações dos direitos humanos e crimes de guerra.

Turk acusou Israel de impor um bloqueio de 16 anos que tornou a vida dos habitantes de Gaza insustentável, e o Hamas de lançar projéteis indiscriminados contra áreas civis em Israel.

Os Médicos Sem Fronteiras (MSF), disse que Israel é “responsável” pelas condições de fome e privação extremas que lançaram as bases para o ataque de hoje a uma multidão de palestinos desesperados por assistência alimentar no norte do país

“A situação em Gaza, e particularmente no norte, é catastrófica. Há alguns dias, quando falámos com os nossos funcionários, eles disseram que não tinham comida suficiente para comer e que alguns recorriam à ração para animais de estimação para sobreviver. Eles também relataram a falta de água e sua má qualidade geral, levando a doenças”, disse a presidente de MSF, Isabelle Defourny, em um comunicado, chamando a situação de resultado direto de uma “série de decisões inescrupulosas tomadas pelas autoridades israelenses” durante a guerra.

“O norte está em grande parte sem assistência há meses, deixando as pessoas encurraladas e sem outra escolha senão tentar sobreviver com quantidades minúsculas de alimentos, água e suprimentos médicos. Bairros inteiros foram bombardeados e destruídos”, acrescenta o comunicado.

“Consideramos Israel responsável pela situação de extrema privação e desespero que prevalece em Gaza, particularmente no norte, que levou aos trágicos acontecimentos de hoje.”