Foto:Fernando Crispim/La Xunga/Amazônia Real

Erros cometidos pelo governo federal e falta de coordenação das autoridades são os principais responsáveis pelo grande número de mortes por covid-19 no Brasil, avalia um grupo de acadêmicos que monitora ações de combate e enfrentamento à pandemia de coronavírus.

Segundo avaliação dos pesquisadores da Universidade de São Paulo ligado à Rede de Pesquisa Solidária, o governo sabotou medidas adotadas por prefeituras e governos estaduais de proteção à população e não articulou estratégias para realizar testes em massa na população. O governo também mostrou não ter aprendido nada com outros países que conseguiram controlar bem o avanço da pandemia em suas populações.

Cálculos feitos pelo grupo mostram que, na primeira semana de agosto, o Brasil chegou a uma taxa de 468 mortes por milhão de habitantes. Na contabilidade de mortes recentes, os pesquisadores encontraram sinal de ritmo acelerado de contágio, atingindo uma taxa de 33 novas mortes por milhão, superando os Estados Unidos, que tem 24 novas mortes, e é o primeiro país na lista de mais mortes por covid-19.

Um dos dados que corrobora na falta de articulação e cuidado é que o Brasil investiu pouco nos testes em massa, o que em outros países foi uma estratégia de sucesso. A Organização Mundial da Saúde não tem um número preciso de quantos testes são necessários mas recomenda que as medidas de distanciamento e isolamento só sejam relaxadas quando houver segurança para tal, e isso depende de testar a população para garantir o isolamento dos infectados.

O levantamento feito pelos pesquisadores também mostrou que o governo demorou a tomar medidas preventivas para evitar a transmissão no início da pandemia, demorando a destinar recursos para ampliação do horário de atendimento de unidades básicas e de protocolos de registro de internações e notificação dos testes.

Além disso, o presidente Jair Bolsonaro minimizou em diversos momentos a gravidade da doença, promovendo aglomerações e ampliando a lista de atividades essenciais contrariando a OMS e reduzindo obrigatoriedade de uso de máscaras pela população.