Em resposta à alarmante destruição contínua do Cerrado, o governo federal anunciou a implementação de um novo conjunto de medidas interdisciplinares como parte da quarta fase do Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento no bioma (PPCerrado). O lançamento coincidiu com a divulgação dos mais recentes dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), revelando uma perda de 11.011 km² de vegetação nativa entre agosto de 2022 e julho de 2023, marcando um aumento de 3% em comparação ao ano anterior.

O Cerrado, que abrange 13 unidades federativas e ocupa aproximadamente 23% do território brasileiro, é o segundo maior bioma do país, desempenhando um papel crucial nas principais bacias hidrográficas sul-americanas. No entanto, desde 2019, a área desmatada tem aumentado ininterruptamente, gerando preocupações ambientais.

A quarta fase do PPCerrado, a primeira desde 2019, visa unir esforços de diversos órgãos públicos federais sob a coordenação do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, com o objetivo ambicioso de atingir o desmatamento zero até 2030. A ministra Marina Silva enfatizou que o plano foi elaborado de forma colaborativa e é de extrema relevância para enfrentar os desafios no bioma.

O coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia e Demais Biomas Brasileiros do Inpe, Cláudio Almeida, ressaltou que o PPCerrado estabelece metas, indicadores e prazos que foram submetidos a consulta pública, incorporando contribuições da sociedade civil. Ele identificou as principais causas do desmatamento atual, incluindo a expansão agrícola, especulação fundiária, gestão hídrica ineficaz, manejo inadequado do fogo, dificuldade de monitorar a legalidade do desmatamento e baixo reconhecimento de territórios coletivos e unidades de conservação.

Cerrado em números

Entre 2019 e 2022, mais de 40% de todo o desmatamento no Brasil ocorreu no Cerrado. A perda de 12% da vegetação nativa entre 2003 e 2022 equivale a 24 milhões de hectares, uma área do tamanho do estado de São Paulo. Em 2020, o bioma possuía apenas 49% da vegetação nativa original, com 29% e 14% ocupados por áreas de pastagem e culturas agrícolas, incluindo florestas plantadas.

A íntegra da nova fase do PPCerrado está disponível na página do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima na internet, refletindo o compromisso do governo em conter a degradação do Cerrado e preservar esse ecossistema vital para o Brasil e o continente sul-americano.

*Com informações da Agência Brasil