Empresas ligadas ao desmatamento, trabalho escravo e a exploração animal se vendem como “responsáveis” (Pixabay)

 

Marcos Felipe Sousa, da Cobertura Colaborativa NINJA na COP26

As alterações no clima que impulsionam fenômenos extremos têm causado cada vez mais preocupação. Atores privados e públicos, tais como empresas, bancos e governos, utilizam essa tensão, como uma estratégia publicitária. E esta, como modo de aumentar os seus lucros atraindo um consumidor que deseja mudanças sustentáveis ou para enganar a opinião pública omitindo ações predatórias aos ecossistemas, seja através de selos verdes e com o ideal de falsas “economias verdes”, por exemplo, através das propostas do mercado de carbono.

O ato conceituado como greenwashing (“lavagem verde” ou também conhecido como “maquiagem verde”), têm se tornado cada vez mais comum nas mídias e em nosso dia a dia. Em um relatório de 2019 divulgado pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, foi denunciado como determinadas empresas mentem e omitem informações, onde a propaganda pelo meio ambiente, acompanhado por “selos verdes”, não apresenta mudanças concretas. No relatório foi exposto que 47% dos produtos analisados em supermercados estavam enquadrados na prática de greenwashing.

Na análise investigativa produzida pelo “O Joio e O Trigo”, foi revelado como o setor financeiro propaga uma responsabilidade socioambiental e utiliza de discursos que lutam pela justiça climática para obter lucro. Como apontado no documento, um dos processos do greenwashing está nos “autorrelatórios” produzido pelas próprias empresas, tais como corporações alimentícias. Assim publicando a partir dos seus próprios interesses.

Grandes empresas ligadas ao desmatamento, trabalho escravo e a exploração animal estariam fazendo propaganda e se vendendo como uma organização responsável social e ambientalmente através de mentiras com a ocultação e a distorção de informações.

Esta estratégia foi utilizada também pelos governos nacionais na COP26. O governo brasileiro discursou que iria acabar com o desmatamento ilegal na tentativa de atrair investimento estrangeiro, mas se recusou a direcionar respostas para projetos que incentivam o desmatamento e outros problemas socioambientais, tais como o projeto de lei que autoriza mineração em terras indígenas e a invasões ilegais de terras.

Em respostas a jornalistas da BBC, o Ministro Joaquim Leite insistiu na abordagem de “economias verdes”, principalmente vinculados a privatização da gestão de florestas no Brasil. Segundo Tatiana Oliveira (Grupo Carta de Belém), a promoção de mercados e economias verdes teria um propósito aos investidores, buscando o lucro e não o bem-estar social e ambiental. O Grupo Carta de Belém denunciou como estas estratégias de greenwashing vêm sendo colocadas por meio do mercado de carbono, sendo considerado uma falsa solução à crise climática.

 

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