Encontro na COP27: Lula ouve sociedade civil para pensar “reconstrução do Brasil”
Lula reafirmou compromisso de reverter desmonte e o descrédito institucionalizado dos órgãos ambientais
Teca Curio, da cobertura colaborativa NINJA na COP27
Nesta quinta-feira (17), Luiz Inácio Lula da Silva participou de evento organizado pelo Brazil Climate Action Hub, espaço idealizado por organizações da sociedade civil para discutir ações de enfrentamento à crise climática. Ocupando a mesma mesa de debate, ao lado do presidente eleito estavam representantes do movimento indígena e negro, que apresentaram suas demandas.
O integrante da Uneafro, Douglas Belchior realçou a Lula, que “não existe justiça climática sem enfrentamento ao racismo”. Por sua vez, o presidente acenou novamente na direção de unir forças pela reconstrução do país. E celebrou o fato de ter sido, segundo ele, eleito em sua maioria, por votos de mulheres, jovens e o povo negro. E ainda que a sua estreia, na 27ª Conferência Mundial do Clima, falando de um assunto que muito interessa ao Brasil – que é a discussão do clima -, lhe dá muito orgulho.
Ele também cobrou da ONU que o órgão não seja apenas um espaço de discussões intermináveis onde a maioria dos projetos não saem do papel. “Devemos pensar em um tipo de órgão que atue como uma governança global, que possa decidir sem depender do congresso nacional porque muitas coisas aprovadas sobre o clima não vão sair do papel”.
Um dos pontos levantados pelo presidente é a promessa feita em 2009, em Copenhagen, dos 100 bilhões de dólares que seriam destinados aos países para proteção de florestas e da biodiversidade e que nunca chegaram ao seu destino.
O presidente terminou dizendo que adentra o governo com uma tarefa difícil, pois o país “está pior que em 2003” e que existe algo mais grave, hoje que é a tentativa do desmonte e o descrédito nas instituições ambientais.
Lula ainda disse que “o povo perdeu a alegria e o ódio tomou conta das relações entre as pessoas. Como pode o país que chegou a ser a sexta economia do mundo cair para a 13ª? O Brasil andou para trás”.
Para fechar, deixou um recado aos defensores dos direitos humanos: “vocês não pensem que vão ficar numa boa, só cobrando, vocês vão ter que ajudar a fazer, porque nós derrotamos o Bolsonaro, mas o bolsonarismo se mantém aí, com toda a sua violência contra os povos indígenas”.