Foto: Emergentes

Em março de 2016, nascia na Argentina um canal independente de difusão de narrativas sobre a América Latina. A partir do país sul-americano, o Emergentes se consolidou como importante nó de uma grande rede midiativista que tem distribuído ao mundo os acontecimentos e leituras sobre a cultura e política latino-americana. No mesmo 24 de março daquele ano, na Argentina, milhares de cidadãos e cidadãs vão às ruas pelo Dia Nacional da Memória pela Verdade e a Justiça. O Emergentes nasce em um dia agitado de coberturas dos atos contra a violência das ditaduras.

O Emergentes se consolidou a partir do grupo que integra a rede Faccion em Buenos Aires. Trata-se de uma plataforma latino-americana que articula redes independentes de midiativismo a partir de processos participativos, horizontais e abertos, da qual a Mídia NINJA também faz parte, e que teve seu primeiro encontro no Brasil em 2014. Um ano depois o grupo se reune no Emergências, um encontro global de cultura, ativismo e política, até fundar o Emergentes em março do ano seguinte, em meio ao ato pela democracia argentina.

“Narrar continua a ser tarefa dos Emergentes, narrar para nos encontrarmos em linhas comuns, com a alegria de estar na rua porque queremos, buscando na linguagem da arte, da cultura, do jornalismo, da comunicação e da militância”, escreveu Marta Dillon, à época em que o Emergentes completava 2 dois anos de atuação. Naquela data, a Argentina apresentava à América Latina a Campanha Nacional do Aborto e a das Mães e Avós da Plaza de Mayo, que convergiam na mesma luta: refundar a desobediência que nos anos 1970 representou uma geração que não se contentava com sonhar, mas perseguir os seus sonhos.

“O Emergentes, desde seu início, gerou campanhas, acompanhou movimentos sociais e construiu uma agenda de diretrizes e abrangências com foco em direitos humanos, feminismo, cooperativismo, cultura e comunicação”, diz Majo Giovo, integrante fundadora. “Nestes 5 anos, o Emergentes se tornou um amplificador das lutas dos movimentos progressistas da Argentina e das articulações latino-americanas. No último ano sua missão foi expandir suas narrativas e agendas para a América Latina em busca daquelas histórias de quem transforma a nossa região no dia a dia”.

Nos próximos dias, o Emergentes atuará em um processe cada vez maior de mobilização de colaboradores. “A ação mais imediata será o acompanhamento da chegada de Jair Bolsonaro a Buenos Aires por ocasião dos 30 anos do Mercosul. As organizações de direitos humanos devem rejeitar a chegada do presidente em meio à crise humanitária no Brasil”, adianta Majo.