Terras Indígenas e Unidades de Proteção Integral também foram alvo de desmatamento

Boa parte do desmatamento ocorre em imóveis registrados no CAR (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

 

Levantamento feito pelo Instituto Centro de Vida, com base nos dados do Projeto de Monitoramento do Cerrado (Prodes Cerrado) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, aponta que quase 80% do desmatamento do Cerrado em Mato Grosso foi realizado de forma ilegal no ano de 2022.

Segundo o ICV, de agosto de 2021 a julho de 2022, o estado registrou 742 km² de desmatamento no bioma. Foi identificada uma redução de 7,6% em comparação com o período anterior, de agosto de 2020 a julho de 2021. Apesar da redução, o resultado não significa que o desmatamento deixou de avançar no bioma em Mato Grosso, como alerta a coordenadora do programa de Transparência Ambiental do Instituto, Ana Paula Valdiones.

Prodes detecta que 79% do desmatamento em MT foi ilegal (ICV)

“É um bioma importante que é conhecido como caixa d’água do Brasil e abriga nascentes de importantes rios, inclusive, os principais rios do Pantanal. Então é preciso encontrar formas de reduzir drasticamente a destruição desse bioma”, disse.

Enquanto isso, no âmbito nacional, o total desmatado foi de 10.689 km² no mesmo período. O número representa um aumento de 25% na taxa anual de desmatamento do bioma.

Maioria do desmatamento é realizado em imóveis inscritos no CAR

Em Cocalinho, município que teve a maior concentração de áreas desmatadas no estado, toda a área desmatada do bioma (86 km²) foi ilegal. Já Ribeirão Cascalheira (51,5 km²) e Paranatinga (55,8 km²), municípios que estão em 2º e 3º lugar no ranking do desmatamento, a ilegalidade foi de 94% e 60%, respectivamente.

Municípios com maior desmatamento (ICV)

A maioria dos desflorestamentos (74,3%) são realizados em imóveis rurais inscritos no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Ainda, grande parte desse desmatamento ocorre em grandes imóveis rurais que têm áreas acima de 1,5 mil hectares. Ana Paula Valdiones alerta que os órgãos ambientais têm acesso a esses dados, porque os imóveis são registrados, então, é preciso intensificar as ações de fiscalização e aplicação de penalidades cabíveis.

“Além das ações de fiscalização, é importante que os acordos de combate ao desmatamento associado as cadeias da carne e de grãos sejam ampliados para o Cerrado, ajudando a proteger o bioma”, complementou.

Desmatamento nas áreas protegidas

As Terras Indígenas tiveram 20 km² de áreas devastadas mapeadas, sendo que a maior área desmatada foi a Wedezé, do Povo Xavante, em Cocalinho.

Já as Unidades de Conservação de Proteção Integral tiveram 9,2 km² de áreas desmatadas e a maior foi o Refúgio de Vida Silvestre Quelônios do Araguaia.

(Com ICV)